Sobre o medo sentido pelos espíritas brasileiros
O dito espírita brasileiro vive com medo.
Como segue uma religião e se julga protegido pela Fé, ele se julga forte e corajoso.
Mas quando chega um texto questionador, ele evita. Foge de medo.
Não lê o texto, vê logo o enunciado e reconhece que o tema não lhe é agradável.
Ele prefere sonhar com gatinhos e cãezinhos pulando em Nosso Lar, ou ver a cabeça de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, flutuando feito um balão no céu.
Quando vê um texto que revela o roustanguismo oculto no Espiritismo brasileiro, a pessoa não lê.
Como segue uma religião, ele tem ilusão de ser, além de forte e corajoso, esclarecido e humilde.
No entanto, o evitamento revela seu medo. Medo de romper com as ilusões.
É um medo de ver dogmas que passou a acreditar firmemente, apesar de desprovidos de fundamento lógico, serem derrubados.
É um medo de ver que, quando Erasto estava falando dos inimigos internos do Espiritismo, não era sobre os evangélicos da Igreja Universal que atuam próximo a um "centro espírita".
Quando percebe que o texto define como inimigos internos seus ídolos Chico Xavier e Divaldo Franco, ele foge do texto e corre para o quarto chorar.
Ou, em outros casos, pode disparar ódio e rancor em mensagens ríspidas na Internet, ou num rancor mal disfarçado em mensagens "calmas".
Sem entender coisa alguma, se acha o juiz da palavra final. Nega ser "dono da verdade", mas sempre rebate questionamentos, no desespero de ficar com a última palavra.
Acha que a Fé tem mais razão do que a Razão. Julga que não se pode raciocinar tudo, que o terreno das fantasias mistificadoras deve ser intocado e, por isso, define qualquer questionamento como "tóxico de intelectualismo", como seu ídolo Chico Xavier disse.
Ou então "overdose de Ciência", "excesso de raciocínio", amaldiçoando quem pergunta muito.
Vamos contar a parábola do espírita brasileiro.
Ele não aguenta ler questionamentos acerca de Chico Xavier e do igrejismo espírita brasileiro.
Foge de qualquer texto crítico, com horror. Julga que a Lógica e o Bom Senso não podem penetrar nos dogmas da Fé, e acha que o coração substitui o cérebro, quando até a Natureza permite colocar o cérebro acima do coração, e não o contrário.
Pois nessa parábola o convicto espírita brasileiro vive orgulhoso de sua aparente humildade, de sua pretensa sabedoria obtida não pela Lógica, mas pela Fé, que julga escapar da compreensão lógica que sua mente mistificada julga ser meramente terrena e movida por paixões materiais.
Criminaliza a lógica, achando que ela é pervertida pela ambição humana, que a Ciência é um ninho de maledicências e intolerâncias.
De repente, um sujeito lhe dirige questionamento muito, expressando muito senso crítico.
O espírita brasileiro se irrita, dizendo que o sujeito cobra demais, não pensa com o coração (sic) e vive da ambição de querer ficar com a verdade.
O espírita brasileiro logo dispara comentários negativos, dizendo que o raciocínio não é irrestrito, que os mistérios da Fé oferecem mais respostas que a investigação da Razão e, por isso, desqualifica o interlocutor que considera o raciocínio lógico primordial.
O interlocutor, compreendendo o misticismo convicto e irredutível do espírita brasileiro, apenas pede permissão para lhe dizer seu nome.
O espírita brasileiro, triunfante na sua posse da verdade, através da supremacia da Fé sobre a Razão, aceita, estufando o peito e dizendo: "Pois não".
O interlocutor vai logo dizendo seu nome: Leon Hippolyte Denizard Rivail, e seu apelido, Allan Kardec.
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