"Tóxico do intelectualismo" põe Chico Xavier contra Allan Kardec
Não há pessoa mais anti-kardeciana do que Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier.
Suas ideias contrariam os ensinamentos espíritas originais.
Isso vai desde a atitude desnecessária de ficar lançando mais de 400 livros com pura mistificação até a suposição de datas determinadas para acontecimentos futuros.
Kardec lançou um número muito mais enxuto de livros que apresentam textos bem mais coerentes e uma honestidade intelectual que inexiste nos livros produzidos por Chico Xavier.
E Kardec convidava para o debate, a lógica, o raciocínio científico.
Kardec não temia o debate aprofundado, e ele mesmo dizia que, se ele estivesse errado, ele poderia ser corrigido por outrem.
Mas isso à luz da lógica, e não da mistificação. Era uma questão de pensar e buscar o saber, e não se tornar escravo da crença sem fundamento nem da mistificação.
O extremo contrário se observa na obra trazida por Chico Xavier
O "médium" tinha medo de ser questionado, tinha um grande pavor do senso crítico.
Por isso ele, do contrário que Kardec - que disse que, se a Ciência provar que algo no Espiritismo estava errado, se preferisse ficar com a Ciência - , falou em "tóxico do intelectualismo".
"Tóxico do intelectualismo" é um eufemismo para o questionamento aprofundado, quando ele ameaça os dogmas ultraconservadores da fé mistificada.
O Espiritismo brasileiro diz defender a "fé raciocinada", um engodo no qual a Fé estabelece supremacia sobre a Razão, mas esta é "convidada" a justificar a mistificação da outra.
Ou seja, à Razão só se permite ações e expressões nos limites que não neguem nem ameacem o império da Fé. E ainda tem que se submeter às falácias que corroboram a mistificação religiosa.
O "tóxico do intelectualismo", que só vale no Brasil, é contrário aos ensinamentos de Allan Kardec, porque o pedagogo francês queria mesmo o debate, a controvérsia, o exame, a dúvida.
Kardec era adepto de René Descartes, cientista que via na dúvida um processo de desenvolvimento do Conhecimento.
Em contrapartida, as ideias do "médium" Chico Xavier são contrárias ao debate e enfatizam o ato de "acreditar" e não de "duvidar".
Isso significa que o compromisso de Chico Xavier com o Conhecimento é nulo. Para ele, o que vale é a mistificação. Conhecimento é apenas uma desculpa esfarrapada, uma conversa para boi dormir.
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