Leitor reclama de homenagem feita a Allan Kardec pela mídia no Brasil



Temos uma carta de Gustavo Franchetti, de São Paulo, reclamando das homenagens que a mídia brasileira, incluindo sucursal de veículos estrangeiros, fez com a lembrança dos 150 anos de morte de Allan Kardec.

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Prezados Amigos,

Me sinto completamente envergonhado com as homenagens que foram feitas a Allan Kardec, na lembrança dos 150 anos de morte, que ocorreu em 31 de março de 1869. Desacreditado, o professor francês já foi ultrajado e desprezado em seu tempo, ele que usou de seu suor e do seu dinheiro, sem patrocínio algum, e no Brasil ele foi alvo de bajulação tão hipócrita, travestida em reportagens "imparciais".

Vemos Folha de São Paulo, BBC Brasil - em artigo que se espalhou em reproduções noutros veículos da imprensa - e até o Canal Brasil, que é de entretenimento, se preocuparem mais em homenagear o deturpador Chico Xavier do que o próprio Kardec, que mais parecia um brinquedo usado pelos "espíritas de igreja medieval", como se a desfiguração que vergonhosamente a Doutrina Espírita sofreu no Brasil nunca tivesse ocorrido.

Chico Xavier, que na juventude deixou de ser pobre para ser sustentado feito uma realeza da FEB, fez o que quis com a memória dos escritores mortos, nos fazendo desconfiar se a FEB tinha alguma animosidade com a Academia Brasileira de Letras.

Mesmo imitando estilos sofisticados - não sem a ajuda de dirigentes da FEB, redatores, revisores e consultores literários - , eles sempre estavam aquém dos talentos originais que os escritores famosos deixaram em vida e suas "revelações" sobre o mundo espiritual não nos diziam coisa alguma, pois eles falavam mais de coisas terrenas, de bobagens ufanistas de que o Brasil dominaria o mundo com seu "espiritismo" e outras pregações moralistas e religiosas de valor duvidoso.

A imprensa tem nas mãos muita coisa podre para investigar nos bastidores do "espiritismo à brasileira", incluindo uma suspeita de 'queima de arquivo' que atingiu o sobrinho de Chico Xavier, o jovem Amauri Xavier, e nenhum jornalista faz. Em vez disso, aceita com submissão bovina tudo que a FEB diz e promove essa gosmenta "confraternização" do joio e do trigo que é o "movimento espírita" nos últimos 40 anos.

Sinto muita vergonha com isso, porque já tivemos reportagens que pusessem em xeque até o mito de Chico Xavier. Tivemos um Attila Paes Barreto, com um livro importante sobre o que foi realmente o "bondoso" Chico Xavier, e que está sumido, pedindo ao menos que alguém mais esclarecido decida botar o livro 'O Enigma Chico Xavier Posto à Clara Luz do Dia' para escanear em arquivos PDF para o pessoal todo ler.

Hoje o menor questionamento é abafado por aqueles memes ridículos que inserem o rosto do suposto médium em coraçõezinhos e céus azulados, com aquelas frases horríveis de que temos que suportar o sofrimento para conseguir a redenção dos Céus.

Mas o mais ridículo foi o Canal Brasil embarcar nessa coisa. Se é para atrapalhar, não ajuda. O canal de filmes e programas de cultura brasileira de repente cismou em "homenagear" um professor francês, da pior maneira. Botou aquele ridículo filme 'Chico Xavier - O Filme', que mais parece ficção de novela da Globo, e um ridículo filme 'A menina-índigo', apostando numa farsa esotérica que só os brasileiros levaram a sério (e demasiadamente a sério).

Espero que isso mude e surja um jornalista investigativo de verdade, mostrando o lado oculto do "espiritismo" cheio de flores e bichinhos, que está mais para Teletubbies que para Allan Kardec. É vergonhoso que, em pleno século 21, tenhamos que regredir em relação a 75 anos, quando se podia ao menos pôr em prova a reputação dos pretensos ídolos religiosos, que se divertem às custas do sofrimento humano. Isso tem que acabar! Chega de jornalismo chapa-branca que só quer promover pretensos médiuns espíritas!

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