Leitor reclama da cobertura das tragédias pela imprensa
PELA IMPRENSA, INFARTO (FOTO) E AVC SÓ OCORREM COM PESSOAS ZEN. CRIMINOSOS, QUE TÊM TEMPERAMENTO EXPLOSIVO, "NUNCA" SOFREM ESSE RISCO.
O leitor Edson dos Anjos Neiva, de São Paulo, mandou uma mensagem reclamando da cobertura - ou da falta dela, em certos casos - da tragédia humana, que dá a impressão de que só morre gente legal no Brasil e que infarto e AVC dão a impressão de que só ocorrem com pessoas calmas ou zen.
"Prezados editores,
Recentemente, perdemos um grande ator que era Luke Perry, ainda relativamente jovem aos 52 anos. Era um dos meus ídolos nos anos 90, quando via muito o Barrados no Baile e seu antológico personagem Dylan. Era certo que ele teve seus vícios, mas ele parecia tê-los superado e era considerado uma pessoa gentil e calma pelos colegas de cena.
Nos últimos anos, ocorreram outras mortes com a mesma causa, o acidente vascular cerebral, o AVC, ou por outra causa, o infarto, males que surgem em momentos de tensão ou ansiedade e que são na maioria das vezes fatais.
Mas a nossa imprensa, que quer transformar os obituários da Terra numa "lista do Prêmio Nobel", e isso ocorre ainda de maneira mais radical no Brasil. Aqui só morre gente legal, infarto é para calminhos, que depois de sorrir e abraçar um companheiro, sentem um ataque cardíaco e morrem.
E os assassinos? Eles "nunca" morrem. Alguém já viu noticiário falar de morte de feminicida, de capanga, de jagunço? Também morrem jagunços, capangas, membros de grupo de extermínio aos 52 anos, até menos! E os feminicidas? Se observarmos o paradeiro de muitos feminicidas que cometeram seus crimes entre 1970 e 2010, o obituário brasileiro mudava de cara.
Para uma imprensa que noticia até infarto de gandula de futebol de várzea ou de reco do interior do Tocantins que morre de mal súbito num treinamento militar, isso é um absurdo. Feminicidas que pararam o país com julgamentos que os livraram na cadeia nunca têm morte anunciada. Muitas vezes aquele universitário que matou a mulher mais ou menos nos anos 80 e saiu livre, leve e solto depois, é aquele que morreu num acidente de carro anos depois e a imprensa se calou.
Em vez de informar às pessoas que assassinos, pela própria natureza de seus temperamentos e pressões morais, preferem mentir, pegando carona nos fabricantes de fake news Internet afora, inventando que feminicidas de 80 anos viraram youtubers, mesmo com o organismo frágil e sem força psicológica nem física para encarar os haters que diariamente trucidam e ameaçam esses sanguinários "defensores da honra machista".
Muitos desses assassinos, como sociopatas, psicopatas, feminicidas, pistoleiros etc cometem danos à saúde. Tomam muito álcool, muitas vezes usam drogas, se alimentam mal. Junto a isso, sofrem violentíssimas pressões emocionais, pelas mortes que causaram, que os fazem os mais vulneráveis a infarto, AVC, males súbitos e câncer em níveis bem agressivos.
Como é que vamos esperar que eles "nunca" morram e suas mortes ocorram sob o silêncio da imprensa, a ponto de, quando morrerem, isso possa virar umas meras reticências no Wikipedia? Não é questão de eu, de você, de qualquer um querer que um assassino morra! É a Natureza que também cobra o preço para aqueles que cometem excessos contra si e tiram a vida de outrem!
Não tem bandeira moralista que mantenha em pé um assassino que fumou demais, que só toma birita, que usou drogas pesadas. Ele não tem um organismo mais especial do que os pobres mortais. Se ele fumou demais, usou drogas pesadas, se embriagou, ele morrerá como qualquer um morre. E a missão da imprensa é noticiar o óbito de gente de todo tipo, seja ator de seriado teen, seja feminicida seja capanga de empresário ou fazendeiro.
Por acaso aquele empreiteiro Roberto Lobato que matou a mulher em 1970 já morreu? Ninguém diz. Pela idade que ele tinha, creio que já está morto. Mas para a imprensa parece que ele, se não está entre nós, é porque se ascendeu ao Senhor como um semi-deus. E se ainda estiver, vão dizer que ele também é o mais novo youtuber da praça? Valha-me Deus!..."
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