Instalação de "centro espírita" trava urbanização em bairros de Niterói
A presença de um "centro espírita" no bairro de Várzea das Moças, em Niterói, o Remanso Fraterno, influi no travamento das energias para a urbanização de seu entorno.
O "centro", espécie de equivalente niteroiense à Cidade da Luz, em Salvador, fica na Rua Jean Valenteau Mouliac, que estranhamente é o único acesso direto de Várzea das Moças para o bairro vizinho de Rio do Ouro.
Trata-se de uma rua estreita que, num trecho, muda de nome para Rua Senador Fernandes da Cunha. É uma rua tão estreita que dois veículos não podem circular juntos lado a lado.
O entorno desses bairros carece de infraestrutura, sofre com a violência e miséria, e não há projetos de urbanização nem de requalificação. Quando muito, só o asfalto sofre intervenções no recapeamento, ação que é supervalorizada pela Prefeitura de Niterói.
As reclamações sobre essa letargia são muito frequentes, mas o aspecto mais absurdo está, segundo se fala nas redes sociais, é que Várzea das Moças e Rio do Ouro não possuem uma avenida própria de ligação direta.
Os dois bairros só se comunicam, pra valer, através de uma rodovia estadual, a RJ-106, o que gera muitos problemas.
As pessoas estão apelidando jocosamente a rodovia, no trecho que envolve esses bairros, de "avenida de bairro" ou até mesmo "kartódromo de Niterói", pela disputa de pista que veículos que vão e vêm dos dois bairros fazem com os veículos que vão para cidades da Região dos Lagos.
Conversamos com um cidadão de Macaé, Joselito Mascarenhas, que demonstra sua indignação:
"É um suplício. Niterói tem um terreno enorme para construir nova avenida entre Rio do Ouro e Várzea das Moças e ninguém faz nada. Vão esperar crescer favela, especulação imobiliária, nesse terreno, enquanto nós, que pegamos a RJ-106 para ir a Macaé, temos que reduzir a velocidade quando vem um ônibus de Várzea das Moças que muda de faixa na pista. Isso na RJ-108. Na RJ-100, se a gente não reduzir a velocidade, podemos sofrer um acidente com um veículo que vem de Maria Paula por essa rodovia, a Estrada Velha de Maricá.
Tem caminhão com produtos percorrendo a RJ-106 para distribuir lá longe, em Cabo Frio, São Pedro d'Aldeia, Búzios, Macaé. Mas Niterói se acha dona da RJ-106 e faz o que quer com ela. No terrenão ocioso de Várzea das Moças e Rio do Ouro, que era para construir avenida, terminal de ônibus e passarelas, ninguém faz nada, nem pela mobilidade urbana, e se fala até que vão construir cemitério no lugar. Isso é uma aberração enorme. A gente quer ir longe o mais rápido possível e tem que enfrentar esse verdadeiro kartódromo que virou a RJ-106".
Um outro cidadão niteroiense, Carlos Eduardo de Lima Santos, que destoa da habitual acomodação da população da cidade fluminense, também faz sua queixa:
"As autoridades não entendem de urbanismo, só fazem alguma coisa quando envolve interesses de turismo, de economia. Levamos setenta anos para criar a Cafubá-Charitas, enquanto muitos niteroienses acomodados curtiam a doce vida de percorrer a Estrada Francisco da Cruz Nunes, que inclui um trecho estreito entre o Parque da Colina e o Largo da Batalha, só para ir da Região Oceânica a São Francisco.
Nem nossos jornalistas, que não passam de uns burocratas da notícia, copiadores de press release, cobram nova avenida entre Rio do Ouro e Várzea das Moças. A necessidade é urgente, porque tanto a galera de Niterói como quem vai para a Região dos Lagos tem problemas, porque a RJ-106 vira pista de kart, avenida de bairro, com carros disputando pista e tudo. O cara vai para Cabo Frio pela RJ-106, nem todo mundo vai pela Contorno ou RJ-104, e tem que diminuir velocidade para não ser atropelado por quem vem da Estrada Velha de Maricá ou da saída de Várzea das Moças.
Como é que uma cidade considerada de IDH alto vive uma preguiça dessas? Tem uma área desocupada em Rio do Ouro e Várzea das Moças, mais ou menos entre o fim da RJ-100 no trecho Rio do Ouro e a Estrada Ewerton Xavier, que tem casas desabitadas, mas com proprietário registrado no cartório, que deveria ser usada para uma nova avenida. Já deveriam estar indenizando esses proprietários, mas o prefeito Rodrigo Neves mal reassumiu o mandato e ainda está demorando para cumprir o que havia prometido antes... Vamos ter avenida Rio do Ouro-Várzea das Moças só em 2090?".
Apesar dessas reclamações, a imprensa niteroiense faz silêncio sepulcral quanto à necessidade de nova avenida.
E não são somente os jornais, como O Fluminense, A Tribuna e O São Gonçalo (da cidade vizinha, São Gonçalo, mas cobre notícias niteroienses), que se silenciam sobre esse problema da falta de avenida para Rio do Ouro e Várzea das Moças.
Mesmo portais de notícia na Internet, como Niterói Radar, RJ News e Niterói 24 Horas, também mantém seu silêncio sobre o problema que complica uma rodovia estadual sobrecarregada entre ligar dois bairros vizinhos e fazer longa ligação de Niterói a cidades distantes como Cabo Frio e Macaé.
Será isso uma "obsessão" pela acomodação, um certo clima de "está tudo errado, mas vamos deixar como está porque dá pra viver"?
Isso seria uma influência das "energias" do Remanso Fraterno, "posto" do Espiritismo roustanguista em Várzea das Moças?
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