Espiritismo brasileiro "matou" o Jornal do Brasil?
Um dos poucos diferenciais em imprensa escrita no Brasil, o Jornal do Brasil, que havia retornado ao papel em 2018, encerrou mais uma vez este mês.
O jornal voltou a ser acessível apenas na Internet. Vários jornalistas e outros funcionários foram demitidos.
Segundo o empresário Omar Peres, o Jornal do Brasil de hoje não é como o jornal do passado de que muita gente fala, mas "um jornal na UTI, um morto-vivo".
Sem dúvida, a crise econômica atingiu o jornal, que buscava uma linha editorial com um cuidado primoroso na honestidade dos fatos e na abrangência da informação.
O jornal era o único nessa façanha, pelo menos no mercado carioca, pois os demais jornais primam pelo panfletarismo, com cobertura nem sempre honesta dos fatos e com abordagem cultural sofrível.
Com o fim do Jornal do Brasil impresso nas bancas, o concorrente direto de O Globo, o jornal O Dia, segue indiferente aos "órfãos do JB", como foi em 2010.
O Dia é dono da horripilante, tenebrosa e abominável emissora FM O Dia, uma das piores rádios do Brasil.
A FM O Dia é "só alegria" no nome, porque sua péssima seleção musical é infeliz, discriminando a MPB (carente de mais espaços no rádio; a Nova Brasil FM não consegue cobrir o filão sozinha e ainda toca a breguice de Sullivan & Massadas) e tocando o pior da música do Brasil e do mundo.
Com isso, O Dia trabalha uma pauta cultural bastante sofrível e seu noticiário geral também não é dos melhores, em muitos casos atuando numa postura sutilmente reacionária combinada a uma cobertura de âmbito populista e semi-sensacionalista.
O Dia, que ainda por cima faz parcerias promocionais com a reacionária Editora Abril, precisa repaginar muito para não se perder no caminho da mesmice, pois só dá certo porque na prática compartilha os mesmos leitores de O Globo e seu clone de O Dia, o jornal Extra.
A propósito, o Jornal do Brasil parece ter sofrido azar porque seus exemplares eram colocados lado a lado com o periódico mensal do "movimento espírita", o "Correio Espírita".
E isso quando as bancas evitam misturar revistas que falam sobre Adolf Hitler com as que falam de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier.
Você não vê, lado a lado, revistas sobre Hitler e Chico Xavier lado a lado, mesmo quando estão sendo vendidas por uma mesma banca.
Mas o Jornal do Brasil foi colocado ao lado do "Correio Espírita", e talvez isso pode ter influído pelo mau agouro que tirou o periódico das bancas.
As bancas de jornais deixaram de vender esse bem no Rio de Janeiro e agora só vendem embalagem para peixe.
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