A idolatria às avessas de Chico Xavier


Chegamos ao vexame de considerar Chico Xavier um "espírito de luz", premiando a desonestidade que estava clara no começo de carreira.

Agora, meio que envergonhados, muitos chiquistas tentam disfarçar a vergonha e falam que "Chico errou muito, mas depois aprendeu".

Aprendeu nada! Ele foi o mesmo mistificador ilusionista de sempre. Só parou quando sentiu-se fraco e doente.

Além disso, é muita malandragem o que os chamados "isentões espíritas" agora dizem.

Eles agora querem que Chico Xavier "não seja mais idolatrado como semi-deus ou salvador da humanidade", mas como "um benfeitor dentro dos limites de suas imperfeições humanas".

Isso é idolatria às avessas, carteirada por baixo, premiação dada a um arrivista!

Os chiquistas se comportam como aqueles colegas de um aluno que só tira de zero a dois nas provas da escola e pedem que ele seja aprovado de qualquer maneira, sem passar pela recuperação.

Tentam "reconhecer" que Chico Xavier cometeu erros - claro, não podem contrariar fatos comprovados - , mas o mantém, de uma forma ou de outra, nessa "divinização" meio cafajeste.

Afinal, nem a caridade de Chico Xavier existiu. Até ela era fake.

Ele pedia para outras pessoas ajudarem o próximo, e, ainda assim, dentro daquele modelo fajuto de filantropia chamado Assistencialismo (os ditos espíritas dizem ser "Assistência Social").

Os outros faziam, ele se promovia, como uma cigarra se promove com o trabalho das formigas.

Essa suposta filantropia só atende casos pontuais e tem fins paliativos, sem trazer transformações profundas para a humanidade.

Afinal, com a grandeza (ainda que "sob imperfeições") que se atribui a Chico Xavier, se sua "caridade" funcionasse mesmo, o Brasil teria se tornado um país desenvolvido há muito, muito tempo.

Isso nunca aconteceu. Quando se ocorreu próximo a isso, e não foi por conta de um dedo do "médium" (até porque ele havia morrido), foi de curta duração. Foi entre 2003 e 2014.

Deixamos o mito de Chico Xavier crescer, ele que, antes de mais nada, empastelou de maneira desonrada o duro legado que o pedagogo Allan Kardec deixou com tanto sacrifício.

Esse legado foi rebaixado a um igrejismo gosmento, viciado, tosco, medieval.

Kardec olhava para a frente, pautando na bússola intelectual do Iluminismo.

Todavia, Chico Xavier olhou para trás. Rebaixou o Espiritismo a uma repaginação do Catolicismo medieval que foi introduzido no Brasil-colônia pelos jesuítas.

Um dos jesuítas se tornou "mentor espiritual" de Chico Xavier: o padre Nóbrega, vulgo Emmanuel.

Tudo isso é vergonhoso, mas as pessoas, tomadas de paixões religiosas, ficam cheias de dedos.

Não querem abrir a mão da idolatria a alguém que, supostamente, sintetiza virtudes e responsabilidades que ninguém quer ter por conta própria.

Quantos brasileiros, que adoram Chico Xavier por ele ter sido um "velhinho frágil e doente", jogam seus próprios pais, idosos, no primeiro asilo de fundo de quintal que encontram pela frente, tratados, estes, como lixos humanos!

Quantos brasileiros, que adoram Chico Xavier por sua "dedicação aos pobres", mesmo tendo algum dinheiro, fecham os vidros de seus carros quando pedintes lhes imploram uns poucos centavos para sobreviver!

É bom que outra pessoa simbolize uma bondade que alguém não quer ser obrigado a assumir?

Ainda mais quando nem Chico Xavier era bom. Ele cometeu suas atrocidades.

Ele teria usado Humberto de Campos em supostas psicografias para se vingar de uma resenha na qual o autor maranhense disse para o "médium" não investir em "literatura do além-túmulo".

Chico fez juízo de valor contra humildades vítimas de um incêndio em um circo de Niterói, no final de 1961, acusando-os, sem qualquer fundamento, de terem sido "romanos sanguinários" numa encarnação distante.

E, pior: para se livrar da culpa desse julgamento de valor severo, Chico Xavier atribuiu o texto a outro. Quem? Humberto de Campos, mal disfarçado pelo pseudônimo "Irmão X".

Vale lembrar que semelhante juízo de valor já resultou, décadas depois, num processo judicial, pois o "médium" Woyne Figner Sacchetin fez semelhante acusação aos mortos de um acidente num avião da TAM, em 2007.

Isso é ainda mais grave: os familiares das vítimas do acidente da TAM tinham poder aquisitivo para pagar advogados e processar Woyne.

Os familiares das vítimas do incêndio no circo não tinham dinheiro para pagar advogados e processar Chico Xavier.

Outro caso negativo foi a natural desconfiança dos amigos do falecido engenheiro Jair Presente, que conviveram com ele e estranharam as linguagens insólitas das supostas psicografias.

A suposta psicografia, a primeira, veio com aquela linguagem típica de Chico Xavier: "Querida mãezinha etc", com seu apelo igrejista invariável.

Depois, a linguagem era tão neurótica que lembrava a de alguém que deve ter cheirado pó no mundo espiritual.

Irritado, Chico Xavier atribuiu a essa desconfiança como "bobagem da grossa", num comentário grosseiro, ríspido e ofensivo.

Mesmo assim, ainda aceitamos a carteirada religiosa e tratamos os amigos de Jair Presente como se fossem soldados de Pôncio Pilatos.

Como um falso Cristo, Chico Xavier montava, como bem entendia, falsos calvários com sua cruz de plástico, para o seu vitimismo diário.

Era só receber duras críticas, e lá estava o "velhinho frágil" fazendo pose de choro, dizendo que "aceita essas duras críticas", e fingindo se oferecer à arena dos leões.

Quantos covardes que, para disfarçar seu orgulho e não serem punidos por seus abusos, montam seus teatros de coitadismo, de vitimismo, para tentar arrancar a comoção pública!

Se tivéssemos abortado o mito de Chico Xavier com seu grotesco livro fake, o Parnaso de Além-Túmulo, teríamos nos livrado de tantos problemas.

Teríamos nos livrado do "brinquedo perigoso" que Chico Xavier se tornou, estimulando a fascinação obsessiva de um considerável número de brasileiros.

Não precisamos dessa idolatria.

Como naquele conto da vaquinha, que teve que ser atirada para o abismo para forçar uma família a buscar meios próprios de sobrevivência, temos que nos livrar de Chico Xavier para fazer o Brasil andar pra frente.

Devemos nos livrar dessa idolatria, e não botá-la debaixo do tapete, sob a desculpa da "admiração normal a um homem bom, mas imperfeito e falível".

A ideia não é esconder essa idolatria no âmbito da falsa modéstia. É eliminá-la, levando em conta que Chico Xavier é, acima de tudo, o inimigo interno que o Espiritismo deixou acolher no Brasil.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chico Xavier abençoou João de Deus sem pressentir seu perigo

Espiritismo brasileiro passou a defender Jair Bolsonaro?

Missivista reclama do moralismo retrógrado dos pais e da sociedade