A perigosa blindagem que favorece Chico Xavier



O maior e mais perigoso caso de obsessão espiritual coletiva se encontra no Brasil.

Trata-se do endeusamento, manifesto das mais diversas formas, da figura traiçoeira de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier.

Um endeusamento manifesto sempre pela fascinação obsessiva e viciosamente sustentado pelas tentações facilmente sedutoras das paixões religiosas.

É o "canto de sereia" que se disfarça por apelos de "simplicidade e modéstia", e, em certos casos, promove Chico Xavier como um "deus às avessas", sob o tendencioso rótulo de "homem simples".

Beneficiado por um lobby e um esquema de blindagem que nem mesmo os políticos mais blindados do PSDB possuem - ainda mais num contexto em que eles viraram "vidraça" após o fenômeno Jair Bolsonaro - , Chico Xavier tem em seu favor dois produtos chapa-branca.

Um é o documentário Quando Lembro de Chico, de Julaino Possati - o mesmo de Data-Limite Segundo Chico Xavier - , voltado aos amigos íntimos do tendencioso "médium".

Outro é o livro Nosso Chico, de Saulo Gomes, é outro que também evoca a "amizade", desta vez a do autor e do suposto médium.

Ambos são trabalhos chapa-branca que tentam salvar a reputação de um vergonhoso deturpador do Espiritismo.

As duas obras, evidentemente, não exploram os aspectos sombrios de Chico Xavier, que incluem um reacionarismo convicto e seu envolvimento com fraudes mediúnicas.

Essas duas obras tentam o mesmo recurso que a ditadura militar e a mídia hegemônica associada a ela (hoje ela é solidária a Jair Bolsonaro ou, quando muito, ao PSDB) usavam, quando promoveram a idolatria a Chico Xavier para abafar as crises sociais na sociedade brasileira de então.

Agora, quando Chico Xavier é comparado com Jair Bolsonaro até no lema ("Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" e "Brasil, acima de tudo, Deus, acima de todos"), ele é usado mais uma vez como pretenso símbolo de pacifismo e humanismo.

Isso é terrível, porque se está privatizando as virtudes humanas, personificadas num homem que na verdade nem representou bem essas qualidades positivas.

Nos bastidores, Chico Xavier revelava-se ranzinza, irritadiço, era defensor de ideias reacionárias com apetite digno de um bolsonarista, nunca teve simpatia com os movimentos progressistas.

A "beleza" de suas mensagens nunca existiu de fato, pois elas eram apenas um amontoado de trocadilhos simplórios para defender valores moralistas ultraconservadores.

E mesmo que Saulo Gomes tenha trabalhado no programa Pinga Fogo da TV Tupi, ele tentará minimizar a defesa que Chico deu à ditadura militar.

Chico Xavier, sabemos, apoiou a ditadura até o fim, depois foi apoiar Fernando Collor e, no fim da vida, sinalizava apoio ao PSDB, apesar de não parecer sentir simpatia por José Serra (Chico preferiria Aécio Neves, até por ser mineiro).

Pelo andar da carruagem, Chico Xavier, se vivo estivesse, teria apoiado Jair Bolsonaro, embora se manifestasse lamento pela agressividade de seus seguidores.

Chico defendia valores análogos a ideias presentes na Escola Sem Partido e na reforma trabalhista defendidas por Michel Temer e Bolsonaro. Isso é fato, está nos livros e depoimentos do "médium".

Só que isso tudo não consegue ser reconhecido pela sociedade. A religião é um perigoso terreno no qual a fantasia está acima da realidade, e é onde se permite jogar a lógica e o bom senso na lata de lixo.

O que preocupa é que Chico Xavier é, na prática, o maior obsessor espiritual do Brasil.

A cada momento, ele sempre exerce fascinação obsessiva através de um recurso que é considerado altamente perigoso no exterior, que é o "bombardeio de amor".

O "bombardeio de amor", que envolve simulações de afetividade íntima e de apelos sentimentais sublimes, é um perigoso processo de dominação das mentes humanas.

O mundo desenvolvido é experiente diante dessa armadilha perigosa, comparável à mancenilheira, à cicuta e a certos animais violentos ou venenosos.

A mancenilheira é uma árvore considerada bonita e cujos frutos são atraentes e têm gosto delicioso, mas ela é tão venenosa que só tocar no seu tronco causa queimaduras graves e até mortais e comer de suas frutas causa graves problemas digestivos e alto risco de morte.

A cicuta, o veneno que teria matado o filósofo Sócrates, possui também um sabor doce e delicioso.

A própria cicuta é produzida de uma flor do mesmo nome.

Sapos venenosos geralmente possuem aparência suave e simpática.

Baiacus não são necessariamente bonitos, mas parecem muito simpáticos e alegres, mas soltam toxinas que podem matar em poucos minutos.

O coral-do-cone é um dos mais bonitos devido à sua ornamentação, mas seu poder venenoso é elevado.

Hienas possuem aparência engraçada, mas são muitíssimo violentas.

Ariranhas parecem roedores simpáticos, mas também seu nível de violência é alto.

A natureza mostra, com tais exemplos, o quanto o aparato de suavidade e beleza pode ser traiçoeiro.

Mas as pessoas preferem adoçar seus corações e envenenar vidas - pelo menos a dos entes queridos - provando da "chicuta" de Chico Xavier.

A obra de Chico Xavier envergonharia, com toda certeza, Allan Kardec, Erasto e Jesus Cristo.

O primeiro, por conta dos sérios e preocupantes desvios doutrinários do Espiritismo original.

O segundo, por representar o anunciado inimigo interno da Doutrina Espírita, por razões acima apresentadas.

O terceiro, por representar a atualização dos antigos escribas e falsos profetas que Jesus rejeitava com muita energia.

Apesar disso, as pessoas se sentem reféns de Chico Xavier de tal forma que, se ele as trair, elas ainda agradecem.

Isso é muito perigoso e toda vez que o mito de Chico Xavier é reciclado, temos que soar o sinal do alarme.

É porque o Brasil luta para continuar sendo refém desse perigoso deturpador dos postulados espíritas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chico Xavier abençoou João de Deus sem pressentir seu perigo

Espiritismo brasileiro passou a defender Jair Bolsonaro?

Missivista reclama do moralismo retrógrado dos pais e da sociedade