Não há razão para progressistas e ateus adorarem Chico Xavier
De vez em quando, alguns deslumbrados ligados às forças progressistas de esquerda, a ateus ou de posturas semelhantes, prestam algum tributo a Francisco Cândido Xavier.
De maneira bastante ingênua, eles se deixam guiar pela suposta imagem associada a "paz" e "caridade" atribuídas ao suposto médium.
Desavisados, alguns chegam até mesmo a definir Chico Xavier como "progressista", sem apresentar motivos consistentes, ou chegam ao nível delirante de defini-lo como "comunista".
Grande tolice, ainda mais que Chico Xavier é um "pé frio" muito perigoso para as esquerdas. Aliás todo "médium" causa mau agouro às forças esquerdistas.
Esquecem essas pessoas que Chico Xavier passava o tempo todo produzindo obras e dando depoimentos dizendo que se deve "aceitar os infortúnios em silêncio".
"Aceite as adversidades em silêncio", "Não reclames", "Não julgues", "Não discuta, não questione os males da vida", "No pior de sua agonia, saiba que os passarinhos continuam voando alegremente sobre as flores e o raio de Sol continua trazendo seu brilho para todos nós".
São frases que parecem bonitas, mas são de um conservadorismo tão doentio quanto o projeto político de Jair Bolsonaro.
Pelo jeito, a imagem adocicada de Chico Xavier rodeado de crianças pobres e velhinhos doentes conseguiu seduzir as esquerdas.
A narrativa de Malcolm Muggeridge, tomada emprestada pela Rede Globo para promover o "médium", deve ter sido muito bem elaborada.
Muggeridge transformou Madre Teresa de Calcutá, "sósia" de uma vilã de história de quadrinhos e acusada de maus tratos contra doentes e miseráveis, em "santa".
Por sorte, uma intoxicação alimentar de um engenheiro de Santos, "convertida" em câncer terminal, ajudou a impulsionar a santificação, como um "milagre" forjado por um lobby católico para ajudar os interesses financeiros do Vaticano.
Se o discurso funcionou para Madre Teresa, dentro de paradigmas conservadores, porém ainda socialmente estimulados, de "caridade" (uma "caridade" que produz mais adoração ao "benfeitor" do que progressos sociais), ele também funcionou para Chico Xavier.
Esse discurso, adaptado para o "médium", até faz sentido em funcionar bem entre setores mais conservadores da sociedade brasileira, principalmente entre os mais idosos, ainda marcados por velhos padrões de religiosidade e beatitude.
Mas não dá para entender porque Chico Xavier obteve admiração de uma parcela das esquerdas.
Ele sempre defendeu que os sofredores fiquem calados quando sofrem alguma opressão, sem reclamar e orando a Deus em silêncio, fingindo que está tudo bem.
Nada mais direitista que isso. Tal recomendação é fruto do conservadorismo do "médium" que sempre foi convicto, de 1932 até 2002.
Apesar disso, a turma do pensamento desejoso pode estar realizando uma força-tarefa para jogar o "médium" no campo das esquerdas.
Essa turma, composta por deturpadores não-bolsonaristas com o apoio de esquerdas espíritas ingênuas e chiquistas aparentemente progressistas, está vasculhando alguns textos tardios deixados pelo "médium".
Por outro lado, estão tentando também costurar fatos circunstanciais, como a planta de Oscar Niemeyer para a construção de um memorial ao "médium", uma medida que nada tem a ver com cumplicidade.
Era mais um serviço marcado por uma gentileza distanciada, que nada tem a ver com o suposto esquerdismo que alguns brasileiros atribuem ao "médium".
Esse suposto esquerdismo é construído por ideias soltas.
Junta-se a fantasia idealizadora de Chico Xavier como "filantropo" e "mensageiro da paz", construída pela Rede Globo a partir do roteiro de Malcolm Muggeridge, e costura-se com os paradigmas das esquerdas e dos movimentos sociais.
Tudo isso é feito por alegações emocionais e não racionais. E com ideias soltas e vagas.
Um artigo recentemente falou das "menções vagas" de Emmanuel ao socialismo, como se fosse uma postura de defesa a essa causa.
Não. Não se trata de defesa mas de uma menção "distanciada", porém adversa. Como se vê na imprensa conservadora, quando descrevia a antiga história do comunismo soviético, com distanciada objetividade.
O fato de adotar esse visão comedida não significa apoio à causa. Chico Xavier, por exemplo, era homofóbico, ele dizia "respeitar" o homossexualismo (hoje causa LGBTT), mas o via como "doença", e esse "respeito" era mais a um doente em sua enfermidade.
A agenda ideológica de Chico Xavier sempre foi ultraconservadora. Mas é triste ver que algumas pessoas se sintam "surpresas" com suas declarações no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971.
O maior perigo é essa nova campanha do pensamento desejoso se der em 20 de julho de 2019.
Nessa época haverá a tal "celebração da data-limite", o esgotamento do prazo de 50 anos da suposta profecia de Chico Xavier e, provavelmente, uma época de crise do governo Jair Bolsonaro.
A turma do pensamento desejoso entrará em ação, forjando um Chico Xavier "progressista" sem pé nem cabeça, com relatos emocionais e falsamente racionais, dotados de argumentação confusa de clichês pseudo-humanistas.
Teremos que sair questionando tudo isso, porque "médium" não pode ser tratado como boneco de massa de modelar e ser concebido conforme a imaginação de cada um.
Temos que compreender que "médiuns espíritas" são figuras ultraconservadoras e medievais, e o que devemos fazer é romper com os resíduos ultraconservadores que repousam ainda em mentes de progressistas.
Se Sílvio Santos, Pelé e Regina Duarte são alguns dos bastiões do conservadorismo social, por que temos que excluir Chico Xavier dessa turma, quando as provas sobre seu conservadorismo extremo e convicto são constantes e evidentes?
Um pouco de Pinga Fogo, com Chico Xavier esculhambando as esquerdas, não faz mal algum para refrescar a memória dos esquerdistas que ainda acreditam nele.
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