Espiritismo, no Brasil, reflete a sociedade dissimulada dos dias de hoje



O Espiritismo brasileiro está muito afinado com a sociedade que elegeu Jair Bolsonaro presidente da República.

Isso é doloroso, mas paremos para pensar.

Um sem-número de famosos, aparentemente solidários ao povo, também votaram em Bolsonaro.

O "espírita" Carlos Vereza também se declarou bolsonarista.

E Jair Bolsonaro afirmou que vai fazer "filantropia" para o povo do Nordeste.

Como as pessoas podem duvidar que Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, iria apoiar Jair Bolsonaro?

Ambos tiveram o mesmo pano de fundo arrivista, sua formação ideológica é ultraconservadora, a origem religiosa católica etc.

Chico Xavier passava o tempo todo pregando para os sofredores e oprimidos aguentarem desgraças em silêncio, sem jamais reclamar da vida, e há quem ache isso "progressista"?

Essa pauta moralista tinha mais a ver com o coronel Brilhante Ustra. Em que planeta vivem aqueles que acham que Chico Xavier era um sujeito progressista?

O Pinga Fogo da TV Tupi confirma que Chico Xavier era ultraconservador. Um petista que ousasse adorar o "médium" pensaria duas vezes antes de tomar essa atitude incoerente.

Talvez fosse melhor que o petista desembarque de seu progressismo e vire um neoconservador, como tantos que desembarcaram dos governos republicanos do PT.

Não dá para ser chiquista e progressista ao mesmo tempo. Sofrer em silêncio, progressista? Não.

O Espiritismo brasileiro se traveste de progressista para enganar, porque sua embalagem mantém o aparato relacionado ao Espiritismo original, francês.

A religião já surgiu deturpada, preferindo Jean-Baptiste Roustaing a Allan Kardec.

Isso não foi acidental e continua valendo até hoje, mesmo quando a tecnologia digital tem o cínico "milagre" de juntar Kardec e Jesus com Chico Xavier e Emmanuel, num país que acolhe facilmente as fake news.

E isso não só não foi acidental. Foi gravíssimo. Trocou-se o cientificismo kardeciano de inspiração iluminista pelo igrejismo chiquista de inspiração jesuíta-medieval.

Tudo é feito para dissimular esse igrejismo. Existem até palestras delirantes pseudo-científicas sob o carimbo do Espiritismo brasileiro.

Nelas faz-se uma ilustração com cenários cósmicos e formas da anatomia humana, enquanto os assuntos são uma gororoba que mistura Psicologia, Física, Filosofia, Horóscopo e Ocultismo.

Essas palestras têm o nível científico e intelectual comparável ao dos mais rasteiros programas de variedade da televisão aberta.

No entanto, muita gente vai dormir tranquila achando que aquilo é cientificismo kardeciano da melhor qualidade.

Isso é um reflexo de tanta dissimulação num Brasil de arrivistas triunfantes.

É um reflexo do ultraconservadorismo que predomina no Brasil, cujos defensores têm a coragem de dizer que os homens abrem mão de direitos humanos em troca de um prato de comida.

É tanta dissimulação, partindo de um projeto político autoritário que se torna vencedor pelo voto popular.

E o Espiritismo brasileiro, como um rato comendo uma mesma ração ao lado de gatos, janta do banquete das igrejas evangélicas neopentecostais, como a Igreja Universal e a Assembleia de Deus.

Todos apoiando as retomadas ultraconservadoras dos últimos anos.

Só que o Espiritismo brasileiro é ainda mais dissimulado. A religião segue um bolsonarismo que nunca é devidamente declarado, mas praticado.

Afinal, o Espiritismo brasileiro vive, transpira, respira Jair Bolsonaro nas 24 horas por dia.

O sofrer em silêncio, a culpabilidade do sofredor, o inimigo de si mesmo, outros jargões do Espiritismo brasileiro mais parecem plataformas religiosas do ex-capitão.

Covardes, os ditos espíritas, que tem em Chico Xavier seu mestre maior, tremem de medo e tentam desmentr que estejam apoiando Jair Bolsonaro.

Mas é só ver quais são os seus valores morais que se comprova: o Espiritismo brasileiro se bolsonarizou. É bom já ir se acostumando.

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