Precisamos questionar e discutir o arrivismo


JAIR BOLSONARO SE PROJETOU ATRAVÉS DE UM PLANO DE ATENTADO TERRORISTA HÁ 30 ANOS. VOCÊ QUER QUE ELE VÁ GOVERNAR O PAÍS?

Um dos males brasileiros que fizeram propiciar a ascensão política de Jair Bolsonaro, que agora está no segundo turno das eleições presidenciais, é o arrivismo.

Numa sociedade insensível a transgressões de caráter moral e, por isso, sujeita a se deixar levar por ídolos que venceram na vida através de muita confusão, o arrivista é um aventureiro que encontra na sociedade brasileira um fã-clube certeiro.

O que é um arrivista? É aquele que busca crescer na vida usando métodos inconvenientes.

É aquele que começa apontando confusão, causando conflitos, e, contando com a sorte, conquista espaços nos quais dificilmente consegue deixar, porque já desenvolveu um lobby que lhe protege e lhe blinda.

No Brasil, o arrivista é, portanto um perigoso anti-herói, que transforma o erro, não obstante grave, em "receita para o sucesso".

É um país onde há canastrões musicais que fazem sucesso entre o grande público passam, depois, a tirar onda e quererem, sem talento à altura, integrarem o "primeiro time da MPB".

Ou então um país onde feminicidas deixam a cadeia e, pelas regras sociais dominantes, tentam se passar pelos "bons partidos" que os pais sonhariam para suas filhas.

Diante do crescimento de Jair Bolsonaro, o Espiritismo brasileiro também é lembrado por outro exemplo arrivista.

Sim, estamos falando de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier.

Endeusado por uma narrativa "limpinha" que parece enredo de novela, que transforma o suposto médium brasileiro num pretenso filantropo, esquece-se que ele foi um arrivista, e dos piores.

Em 1932, lançou um livro supostamente psicográfico, Parnaso de Além-Túmulo, que, por suas evidentes irregularidades literárias, pode ser considerado um dos pioneiros da literatura fake contemporânea, praticamente "avô" das fake news.

Embora muitos não gostem dessa constatação, ela é fácil de ser comprovada: os estilos literários pessoais de cada suposto autor soam paródicos. Em certos casos, até desaparecem, como no caso de Auta de Souza.

Portanto, a farsa psicográfica de Chico Xavier pôde ser comprovada faz tempo, o que poderia ter desqualificado ele desde o começo e não o fizesse um mito que cresceu por diversas ocasiões típicas de um arrivista.

Ele foi réu, por usurpar o nome do então prestigiado (e hoje esquecido) Humberto de Campos. Foi beneficiado pela impunidade, graças à seletividade da Justiça, na pessoa de José Frederico Mourão Russell, juiz da 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

Mourão Russell abriu precedente para a Justiça parcial e tendenciosa de hoje. O sinal verde do antigo magistrado se compara com o sinal verde de Alexandre de Moraes para a candidatura de Bolsonaro.

Muitos ainda ficam assustados e choramingam quando se fala dos pontos sombrios de Chico Xavier. Acham que é preciso "cultivar o perdão e o esquecimento".

É, mas os pontos sombrios são muito preocupantes para serem esquecidos. São atos de desonestidade intelectual das mais deploráveis.

O uso do nome de Humberto de Campos por Chico Xavier, descobriu-se, era uma revanche contra uma resenha irônica que o autor maranhense fez de Parnaso de Além-Túmulo, no Diário Carioca.

Foi uma atitude tão deplorável, tão oportunista, que o processo judicial dos herdeiros do escritor foi justo, embora também muito ingênuo.

O processo dos herdeiros de Humberto teve como erro um enunciado muito simplista, quase que infantil.

Esse enunciado consistia em pedir aos juízes que verificassem se a "psicografia" era autêntica ou não. Se fosse autêntica, os herdeiros ganhariam em direitos autorais. Se fosse falsa, eles seriam indenizados com multa cobrada à FEB e a Chico Xavier.

A FEB, se aproveitando da carteirada religiosa, chamou os herdeiros de "mercenários" e os brasileiros disseram "amém". Infelizmente é o critério religioso que exerce supremacia no reconhecimento público.

Por exemplo. Se um ídolo religioso é acusado de estuprar uma adolescente, costuma-se dizer que a culpa é dela, que ofereceu uma "energia sexual" que atingiu um "homem tão puro".

Chico Xavier foi visto como "vítima", porque é fácil usar os clichês religiosos para forjar falsa humildade e caprichar no coitadismo para sair-se bem nas aventuras arrivistas.

O arrivismo desafia as pessoas diante da ascensão e do crescimento sem controle de certas personalidades, o que pode causar um sério perigo.

Chico Xavier foi premiado pelos seus atos desonestos, ganhando o pretenso título de "espírito de luz", algo que só tem validade nas paixões religiosas da Terra.

É um atributo material, mas tido como "espiritualista". Só que essa malandragem só vale na "caverna de Platão" de nosso planeta, pois fora dela essa mentira não cola.

Chico Xavier, só por ter renegado os ensinamentos originais de Allan Kardec (há muitas práticas, vergonhosamente anti-kardecianas, na obra chiquista) e por ter usurpado o nome de Humberto de Campos em obras fake, não merecia 1% da idolatria que recebe, até de ateus e esquerdistas.

Nem mesmo a "caridade" serve de atenuante, porque descobriu-se que a "caridade" de Chico Xavier nunca existiu, era na verdade uma ação de terceiros na qual o "médium" só levou a fama, mas sua contribuição em recursos e bens foi nula.

Além disso, sempre foi uma "caridade" paliativa que nunca realizou transformações sociais profundas nem definitivas.

Chico Xavier também inspirou outros arrivistas do suposto contato com os mortos, como Divaldo Franco, Zé Arigó, a família Gasparetto, José Medrado, João Teixeira de Faria (João de Deus) etc.

José Medrado tem programa na Rádio Metrópole FM, também controlada por outro arrivista, Mário Kertèsz, que se ascendeu através de um esquema de corrupção política e hoje atua como dublê de jornalista, intelectual e pretenso representante das esquerdas brasileiras.

Mas as pessoas adoram cultuar arrivistas, devido à confusa combinação de coitadismo, jogo de cintura, sensacionalismo e pieguice, além da perspectiva de falso salvacionismo.

Hoje Chico Xavier e Jair Bolsonaro se unem pelo passado arrivista que permitiu uma ascensão sem controle, que revoltou boa parte da sociedade mas permitiu que o jeitinho brasileiro lhes desse vantagens extraordinárias.

Precisamos discutir o arrivismo, porque ele se tornou uma fórmula perigosa para forjar pretensos heróis que podem causar estragos e distorções diversas no país.

Os arrivistas não podem ser confundidos com aquelas pessoas que erram e se arrependem dos erros. O arrivista não se arrepende dos erros, apenas se "aposenta" deles. Põe os erros debaixo do tapete e faz toda a encenação de "pessoa certinha" para impressionar as pessoas e arrancar apoio.

Não são eles os fortes. Nós é que, fracos, deixamos essas pessoas sem a menor confabilidade nem o menor mérito, crescerem e forjarem sua falsa força.

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