Deturpado, Espiritismo brasileiro paga o preço da ascensão de Jair Bolsonaro


OVELHAS APOIANDO LOBOS - MULHER NEGRA APOIA JAIR BOLSONARO E HOMENAGEIA TORTURADOR DA DITADURA, O SÁDICO CORONEL BRILHANTE USTRA.

É bastante surreal o apoio das classes populares em torno de Jair Bolsonaro, um processo que se compara a ovelhas apoiando uma alcateia de lobos famintos.

Evidentemente, tudo isso vem em consequência de uma overdose do uso de WhatsApp nos telefones celulares e que resulta no acolhimento de um bombardeio de notícias falsas, as fake news, em favor do candidato fascista, que é uma grande pegadinha política.

Jair Bolsonaro se vende como se fosse o "novo", mas seu projeto político é medieval.

Ele se vende como outsider político, mas é um dos mais velhacos da "velha política" que expressou apoio escancarado do retrógrado governo Michel Temer.

Há muitas mentiras glorificando ele que fazem com que setores sociais que deveriam repudiá-lo, como mulheres, negros, índios, proletários, jovens e a comunidade LGBTT, acabem apoiando o candidato fascista.

E, o que é pior, esses excluídos sociais acabam votando no candidato apoiado por gente como Alexandre Frota e o assassino de Daniella Perez, Guilherme de Pádua.

Ou então do internauta agressor na Internet, que realizou campanhas de cyberbullying ou se envolveu em blogs de calúnia e difamação contra desafetos.

Além do mais, a influência das igrejas evangélicas neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus, Assembleia de Deus e seus muitos "ministérios" derivados, também ajudou no crescimento, ainda que fake, do "mito" Bolsonaro.

Mas quem imaginou (e insiste em acreditar) que o Espiritismo brasileiro está fora dessa, se engana.

O Espiritismo brasileiro está no mesmo Titanic dos neopentecostais e descobriu-se que Francisco Cândido Xavier era tão reacionário quanto Jair Bolsonaro.

Lembremos que a hipótese de Chico Xavier ser reacionário guarda mais provas objetivas, claras e explícitas do que a hipótese de ver no "médium" um suposto progressista.

Afinal, a ideia de um Chico Xavier "progressista" reúne ideias soltas, vagas e fantasiosas, que apenas conseguem prevalecer por que são muito agradáveis.

Mas a vida não é feita só de coisas agradáveis, e Chico Xavier foi um sujeito de valores bastante retrógrados, queiram ou não queiram seus seguidores.

Paciência. Nas suas obras e nos seus depoimentos, seu conservadorismo extremo saltava nos olhos.

No Pinga Fogo da TV Tupi, em 1971, ele vociferou contra os movimentos operário, camponês e sem-teto, organizações classistas ligadas às pessoas humildes.

A linha de pensamento de Chico Xavier, fundamentada na Teologia do Sofrimento, pregava que os oprimidos tenham que aguentar as desgraças em silêncio. Uma tese dessas faria sorrir o coronel Brilhante Ustra.

O Espiritismo brasileiro sempre foi uma religião conservadora, apesar de usar a embalagem francesa associada ao progressismo e ao iluminismo.

Os brasileiros procuram definir as coisas pela embalagem, se esquecendo do conteúdo que pode ser o oposto do seu invólucro.

O problema do Espiritismo brasileiro é que ele se fundamentou na essência do Catolicismo medieval, introduzida no Brasil pelos jesuítas no período colonial.

Isso criou um conteúdo igrejista, sustentado pelo "balé das palavras", pelo aparato de palavras bonitas, e isso fez com que o tempo cobrasse um preço muito caro para o Espiritismo brasileiro.

Indeciso entre as tentativas de evocar a doutrina original só para agradar a clientela e a manutenção dos apelos emocionais das ideias igrejistas, o Espiritismo brasileiro se perdeu no caminho.

Perdeu-se pela contradição de tentar ser fiel a Allan Kardec e, ao mesmo tempo, trai-lo com conceitos agradáveis da deturpação, como fantasiar mundos espirituais sob devaneios materialistas e supor datas precisas para acontecimentos futuros, misturando especulação com mistificação.

E seus conceitos sempre foram conservadores, voltados a forçar as pessoas a aceitar retrocessos e adversidades excessivos, sem fazer uma única reclamação na vida.

Até se a pessoa sofrer "assassinato de reputação", ou seja, ser vítima de pesadas humilhações sociais comprometedoras, ela tem que aceitar isso em silêncio.

Desde que o Espiritismo brasileiro, que apoiou o golpe de 1964 e a ditadura militar, manifestou apoio ao golpe político-institucional de 2016, exaltando as passeatas dos "coxinhas" e a pessoa irregular de Sérgio Moro, seu conservadorismo tornou-se mais do que explícito: tornou-se escancarado.

E isso fez com que, por ironia, a "data-limite" que Chico Xavier tanto falava do planeta, se voltasse contra o próprio Espiritismo brasileiro.

Dessa forma, a religião que pedia para o mundo se preparar para a paz e a fraternidade, não mexeu um só dedo para contribuir neste sentido.

Se limitou a confinar conceitos de "amor" e "paz" pela coreografia linda de palavras sem conteúdo, belas na forma, só admiráveis para pessoas com pouco hábito de refletir criticamente o mundo em que vivemos.

Nada fez para defender, de fato, as ideias progressistas que finge apoiar e "respeitar profundamente".

E agora, quando o Brasil está sob o risco de ser governado por um fascista, os espíritas brasileiros têm que ser responsabilizados por isso.

Eles se perderam no concerto das palavras, no espetáculo ostensivo de uma caridade de resultados fajutos e, sobretudo, na adoração aos "médiuns" e nas doutrinárias vazias e banais.

O Espiritismo brasileiro nada fez para melhorar o Brasil e, agora, ele está em sua "data-limite", se esgotando em sua erosão doutrinária, sem poder mais esconder a traição criminosa que fez com o legado de Allan Kardec.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chico Xavier abençoou João de Deus sem pressentir seu perigo

Espiritismo brasileiro passou a defender Jair Bolsonaro?

Missivista reclama do moralismo retrógrado dos pais e da sociedade