Um pesadelo chamado Jair Bolsonaro



O Brasil está pagando o preço caro do golpe político que instaurou em 2016.

Insatisfeito em retirar o Partido dos Trabalhadores do poder, a sociedade reacionária brasileira agora quer que o fascista Jair Bolsonaro chegue ao segundo turno e, de preferência, ganhasse a disputa presidencial.

É um cenário de um pesadelo. Bolsonaro é considerado "favorito" nas pesquisas de intenção de voto e, aparentemente, não sai dela.

Bolsonaro não tem o menor motivo para esse favoritismo que, na verdade, é uma façanha fake.

Segundo especialistas, Bolsonaro na verdade, só tem 5% de seguidores fiéis. São uma minoria, mas essa minoria é bastante ativa e persistente nas redes sociais.

A margem "anabolizada" que o coloca entre 15% e 30% é na verdade movida por mil artifícios.

Primeiro, porque os institutos de pesquisas estariam recebendo suborno de empresários ligados ao lobby do economista Paulo Guedes, comprometido com os retrocessos trazidos por Michel Temer e tecnocrata que colaborou com o ditador Augusto Pinochet.

Empresas de grande porte, como Riachuelo e Centauro, patrocinam a empreitada e estariam "encomendando" pesquisas de forma a agradar sua demanda, que quer Bolsonaro eleito presidente.

Segundo, porque existe a multiplicação de algoritmos (robôs) que forjam uma visibilidade artificial de Bolsonaro e permitem a repercussão de qualquer mentira difundida em favor dele, nas redes sociais.

Terceiro, pela atuação agressiva de seus fanáticos seguidores nas redes sociais, que, além disso, criam eles mesmos uma "multidão" de fakes para criar uma popularidade artificial de seu ídolo, apelidado de "mito".

Quarto, há toda uma pressão psicológica, marcada tanto pela "psicologia do medo" quanto por chantagens e ameaças, que forçam até os mais pobres a defenderem Jair Bolsonaro e seus parentes e aliados (o filho de Jair, Flávio, concorre ao Senado pelo Rio de Janeiro).

Enquanto a mídia hegemônica cria uma falácia de "doce vida", com Bolsonaro trabalhando uma falsa e nada sutil imagem de pretenso humanista, nas redes sociais muitos internautas são coagidos, mediante ameaças, a apoiar o candidato do PSL.

A "psicologia do medo" e a chantagem são os apelos comuns que empurram tanto as elites econômicas quanto uma parcela do povo pobre - o surreal protótipo do "pobre de direita" - para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro.

No caso da "psicologia do medo", usa-se a tese de que, com Bolsonaro, os assaltos e o tráfico de drogas serão imediatamente extintos, e até mendigos e pedintes serão "tirados de circulação".

A ilusão de que essa promessa trará segurança para a população é a mesma falácia que foi trazida, há 50 anos, pelo Ato Institucional Número Cinco, da ditadura militar.

Recentemente, foi adotada a intervenção militar, no Rio de Janeiro, como ensaio para o projeto bolsonarista, que também não deu certo.

Com essas ações, a violência só aumentou, e ela cada vez mais se voltou contra aqueles que sempre pediram intervenções militares ou coisa parecida.

Jair Bolsonaro não tem o menor preparo para governar o país.

Ele é um político sem palavra, impulsivo e temperamental, que diz uma bobagem sociopata e depois se retrata quando está encrencado.

Ele não é um político que respeita as leis, e, como deputado federal, quase não apresentou propostas legislativas.

Ele promete desregular a economia e degradar o mercado de trabalho, "aumentando" o emprego às custas da queda de qualidade das profissões.

Jair Bolsonaro irá radicalizar o projeto político de Michel Temer, e é assustador que as mesmas pessoas que dizem odiar Temer querem Bolsonaro presidente.

Para piorar, Jair ainda faz apologia à violência, sem medir escrúpulos para ensinar crianças a fazer gesto de tiro de revólver com as mãos.

Mais grave: o anti-petismo doentio chega a fazer com que Jair cometesse atos como no comício no Acre, em 01 de setembro último, quando, usando um objeto parecido com o de um fuzil, disse que pretende "fuzilar toda a petralhada aqui no Acre".

A incitação chega ao ponto de estimular o homicídio. Se Bolsonaro governar o país, seus adeptos vão se sentir estimulados a atirar em qualquer um na rua, a esmo, como o franco-atirador do filme O Fantasma da Liberdade, de Luís Buñuel, de 1974.

O cenário brasileiro é de pesadelo, e se as pessoas tivessem um mínimo de prudência, estariam desistindo de Jair Bolsonaro.

A essas alturas, Bolsonaro era para estar se "desidratando", jargão da moda que significa decadência e queda de prestígio.

Até se admite que o Partido dos Trabalhadores seja atingido por toda a pressão oposicionista feita contra o partido e seus membros, sobretudo o ex-presidente Lula.

Mas o golpe político foi longe demais para se cogitar que um despreparado como Jair Bolsonaro seja favorito para chegar ao segundo turno.

Ainda que fosse um segundo turno conservador, entre Geraldo Alckmin e Marina Silva, vá lá, ou até um Álvaro Dias ser alavancado por suas associações à Operação Lava Jato e as passeatas de 2016.

Mas uma figura como Jair Bolsonaro, que nunca foi um outsider político, não se pode admitir.

As pessoas estão nervosas e precipitadas, e aderem à pressão dos valentões da Internet, estes que realmente querem ver o "mito" no poder.

Quem quer Jair Bolsonaro está no lado das forças sociais mais retrógradas e vingativas.

É o pessoal que prefere que as virtudes humanas se limitem, em tese, a certos ídolos religiosos, como Chico Xavier (que nem era tão bondoso assim como parece), como se a bondade tivesse que ser representada por poucos e não ser uma qualidade de todos.

A gente até fica imaginando se Chico Xavier não iria apoiar Jair Bolsonaro, usando como desculpa o fato de que "o Brasil precisa enfrentar certos sacrifícios e o nosso irmão de Deus irá apenas afastar a imagem de forças esquerdizantes que usaram o Estado a seu bel prazer".

O bem "privatizado" na figura de um "médium" não é oposto ao ódio público que pede que Jair Bolsonaro se torne presidente do Brasil.

Ambos seguem o mesmo imaginário moralista, retrógrado, defensor de sacrifícios extremos e perda de qualidade de vida.

E o Brasil movido nesse transe retrógrado que não consegue ver a realidade. Como num grande pesadelo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chico Xavier abençoou João de Deus sem pressentir seu perigo

Missivista reclama do moralismo retrógrado dos pais e da sociedade

Pais imaginam que filhos só "fazem algo" quando é para outra pessoa