Missivista comenta tragédia de feminicidas


Recebemos a carta de Adalberto Mello, de Sorocaba, que comentou sobre a nunca admitida tragédia dos feminicidas.

"Olá, amigos!

Me surpreende que uma página de questionamentos espíritas fale também de assuntos controversos que não se lê em lugar nenhum, que é a tragédia que os feminicidas, aqueles homens que matam as mulheres, em maioria suas próprias companheiras mas podendo ser até colegas de trabalho ou desconhecidas, atraem para si mesmos.

A sociedade ignora que os feminicidas, pela sua personalidade explosiva e por suas práticas autodestrutivas, também produzem suas tragédias. Creio que até eles sabem de sua tragédia, porque eles ficam patrulhando a imprensa o tempo todo, porque não querem sofrer um infarto ao lerem uma notícia a respeito deles mesmos.

É um absurdo que setores da nossa sociedade se irritem quando se fala que velhos feminicidas estão doentes. É a biologia, são questões biológicas. É chocante que, por exemplo, um feminicida que cometeu seu crime nos anos 70, matando a mulher socialite às vésperas do Reveillon, esteja doente e a sociedade se revolta com isso, dizendo que isso é 'desrespeito' ou 'dano moral'.

Na imprensa da época do crime, amigos se preocupavam com o tabagismo do feminicida, um conhecido ex-playboy da alta sociedade. Ele fumava demais e, na época, cheirava cocaína e se embriagava. O que ele bebeu, fumou e cheirou poderia ter causado sua morte há 30 anos, mas por sorte ele, rico, deve ter sido socorrido com rapidez olímpica para bons hospitais e tomado remédios até hoje. Ele perdeu um rim, que tentou doar para o sobrinho, mas ele morreu por rejeição orgânica.

Temos que compreender. Não é questão de ódio nem apreço aos feminicidas quando se fala que eles estão doentes. Eles estão entre as pessoas com altíssimo risco de sofrer infartos fulminantes. Se perdemos até quadrinistas, atores, músicos, gente aparentemente zen, mas que em dado momento sofrem um infarto e morrem, o que vamos esperar dos feminicidas, cujo risco pode fazê-los morrer de infarto fulminante em plena rua de grande movimento, caindo no meio de um multidão?

Dizer isso é calúnia, é ofensa, preconceito? Não, não é! Os feminicidas ficam cheios de frescuras, principalmente quando deixam a cadeia. Acham que podem se segurar até os 95 anos, mas com 50 o organismo já revela sua fragilidade. Em 2017, um ex-magistrado que matou a mulher em 2002 reapareceu numa imagem aos 62 anos. Ele parecia ter 20 a mais. A gente vai esperar que ele só morra quando chegar aos 97 anos de idade? Não! Ele pode morrer hoje mesmo, quando esta carta for publicada.

Não é opinião nossa, não é desejo nosso, não é suposição nem fofoca e nem provocação. É o organismo. O velho feminicida que matou a mulher nos anos 70 fumou os mesmos cigarros que mataram um sem-número de famosos e dizer que ele está com câncer em estágio avançado não é nada ofensivo. Dizemos isso porque é a natureza biológica, afinal o organismo de um feminicida nunca é melhor do que o de qualquer outra pessoa.

Para piorar, a imprensa ainda veio com seu surto de 'fake news' e inventou que esse velho feminicida está 'muito ativo nas redes sociais', dando a crer que o idoso tem um fôlego de youtuber de 20 anos, conforme vocês falaram. E concordo quando dizem que o feminicida idoso seria incapaz disso, até pelo fato de não querer ver notícias e comentários desagradáveis contra ele e que a 'atividade intensa' é feita por algum assessor de sua empresa ou por algum familiar que o representam nas redes sociais.

Há muito disso. Empresários que são representados por seus assessores de imprensa nos diversos operadores das redes sociais. Ou familiares que fazem páginas oficiais dele. Como é que um homem de 84 anos, que matou mulher, estragou seu organismo, não tem mais um rim e que está, provavelmente, fragilizado e com idade para só saber de aposentadoria e repouso, vai ter um fôlego de um internauta de 20 anos? Impossível, caros jornalistas! Corrijam isso!

Sabemos que machistas não abrem o jogo quanto a suas fragilidades. Temos outro feminicida idoso que tomou overdose de remédios, está cego pela diabetes, tem câncer na próstata e indício de falência múltipla de órgãos. Ele é um pouco mais novo, 81 anos, e cometeu seu crime mais tarde. Mas, como o outro velho feminicida, é membro de rica família de São Paulo.

Que drama é esse de anunciar suas tragédias, logo com octogenários? Nosso Brasil perdeu as mais admiráveis personalidades com bem menos idade que isso. Tivemos grandes poetas, como Castro Alves, que não chegou a viver 25 anos. Mário de Andrade, um dos mais geniais homens da cultura brasileira de todos os tempos, não viveu mais do que 52 anos incompletos!

Me lembro que, poucos meses atrás, num intervalo de alguns meses, nossos geniais humoristas e amigos e parceiros entre si, Paulo Silvino e Agildo Ribeiro, morreram. Foi muito triste, mas lidamos com as perdas com serenidade e até com inevitável bom humor, quando lembramos de suas figuras engraçadas e nos lembramos de momentos que hoje deixam muita saudade. Pouco antes de morrer, Agildo recebeu uma homenagem num festival de humor que foi uma respeitável e carinhosa despedida.

A gente fica aqui, perguntando: que interesse tem em esconder as tragédias dos feminicidas? A imprensa, capaz de noticiar infartos cometidos por recos durante treinos militares ou de jogadores de futebol de várzea, não admite noticiar sequer a doença de um feminicida. E quantos feminicidas já morreram, vários antes dos 60, 70 anos, sob o silêncio da imprensa.

A que interessa esconder tais tragédias? Porque a nossa sociedade é machista e não cabe bem mostrar esse dado frágil? Para não assustar futuros feminicidas diante do aviso de uma morte prematura a caminho deles? Porque o velho feminicida de 84 anos era um usuário de uma marca de revólver que teria prejuízo no caso dele morrer de câncer no pulmão (?!)? Porque os feminicidas são 'justiceiros' a serviço de valores sagrados da Família e do Casamento?

São tantas bobagens, protegidas por alegações moralistas por uma sociedade que é em si vingativa, odiosa, moralista sem moral, e que agora põe um fascista como favorito para a Presidência da República. Ela mostra sua hipocrisia, porque, enquanto ela está assustada com a morte anunciada de feminicidas, torce para que roqueiros, petistas e pobres com as mesmas situações de enfermidade morram o mais rápido possível.

O que devemos fazer é orar em favor dos feminicidas que se aproximam da morte. Orar sem ódio, com piedade e compaixão. Orar pedindo que os entes queridos sejam auxiliados pelo Alto diante desse momento difícil. Orar pedindo aos espíritos dos futuros finados a aceitarem a situação e observarem que nem tudo está perdido, pois o que eles perdem são seus sobrenomes ilustres, seus privilégios sociais.

Mortos, os feminicidas poderão reencarnar do zero, sem carregar os ilustres sobrenomes manchados pelo sangue do homicídio praticado. Em vez de recuperar em vão uma reputação ferida de morte, eles, usando novos nomes e novas roupagens, podem recomeçar suas vidas sem a sombra do crime cometido, embora também sem o privilégio social perdido. Melhor assim: em nova situação, os reencarnados poderão, nesse recomeço, iniciar novos trabalhos e novo aprendizado na vida.

Dessa maneira, os feminicidas que morrem reencarnarão como outras pessoas, e aí o trabalho vão de recuperar reputações perdidas será substituído por uma nova vida e uma recauchutagem total. O feminicida que renega sua tragédia olha para trás, o feminicida que se prepara para morrer olha para frente e se prepara para abandonar somente os seus atributos materiais, tendo mais chance de se renovar sob uma nova roupagem existencial".

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