Memória curta permitiu destruição do Museu Nacional



Ontem à noite um incêndio devastador destruiu rapidamente o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e seu acervo de mais de 20 milhões de itens.

São 200 anos de história, celebrados sob indiferença das autoridades em 06 de agosto último, que se perdem para sempre.

Quase nada restou. Somente um meteorito, o Bendegó, permaneceu intato, por ser resistente a altas temperaturas.

Nem mesmo a reconstituição do corpo de uma mulher pré-histórica, apelidada de Luzia, sobreviveu.

Peças de cultura ameríndia e objetos trazidos do Egito também se perderam.

O prédio precisava de manutenção e tinha fiações elétricas deficientes. Algumas estruturas foram danificadas por cupins e havia até uma sala com computadores obsoletos que precisava de arrumação.

O descaso das autoridades era notório. Pedia-se verbas para recuperação ou manutenção. Nada foi feito. Mas agora aqueles que desprezaram o Museu Nacional choram lágrimas de crocodilo, fingindo que o descaso não é com eles.

E isso não é só da classe política. A sociedade como um todo, principalmente a do Rio de Janeiro, que preferia aceitar retrocessos sociais e culturais.

Recentemente, a sociedade que prefere dar ouvidos a valentões da Internet andou querendo um grotesco fascista como Jair Bolsonaro para a Presidência da República e ainda quer botar um pitboy como um dos filhos dele, Flávio Bolsonaro, para o Senado.

Isso trará um estrago muito grande para o Brasil, mas o que os críticos definem como "excesso de pragmatismo" dos cariocas e fluminenses insiste nesses retrocessos.

A tragédia cultural do Museu Nacional, que por pouco não matou seus vigilantes, é um reflexo desse vício da sociedade do Rio de Janeiro, e, em certo sentido, do Brasil.

Essa sociedade despreza os valores culturais verdadeiros, despreza a ética, a história digna dos povos indígenas, a memória histórica do nosso país.

Prefere endeusar subcelebridades, músicos e cantores medíocres, jornalistas truculentos, canastrões do entretenimento em geral, e ainda torce para Jair Bolsonaro governar o Brasil.

Na religião, como nesse Espiritismo deturpado e catolicizado que temos, se prefere preservar a memória de um Chico Xavier que se ascendeu com literatura fake e com igrejismo reacionário.

Chico Xavier prejudicou tanto a nossa sociedade que muitos de seus seguidores acreditam que o acervo perdido do Museu Nacional tem réplicas preservadas em Nosso Lar.

Ah, quanta fantasia, quanta cretinice, quanta criancice irresponsável!

A sociedade que endeusa Chico Xavier, Jair Bolsonaro e tantas outras personalidades sem valor pouco se importava com o acervo de grande valor histórico e cultural do Museu Nacional.

Chico Xavier é a própria simbologia da memória curta, pois um lamentável co-autor de pastiches literários (junto a Antônio Wantuil de Freitas e editores da FEB) virou "símbolo de amor e bondade" através da publicidade engenhosa que a Rede Globo fez em prol dele nos últimos 40 anos.

Transformaram um traidor dos ensinamentos espíritas originais (traidor não por ter sido originalmente espírita, mas por não cumprir o compromisso de difundir corretamente a doutrina), deturpador de valores medievais, em falso humanista e pretenso filantropo de resultados medíocres.

Agora todos fazem lágrimas de crocodilo com a tragédia que atingiu o Museu Nacional.

Deveriam ter vergonha de si mesmos. O incêndio queimou o Museu Nacional e destruiu seu acervo, mas quem também saiu queimada foi a sociedade que sempre desprezou a cultura e agora chora pelo leite derramado.

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