Imagem de Chico Xavier cumprimentado por humildes lembra rito medieval
Uma imagem aparentemente bonita pode revelar mais um dado negativo envolvendo Francisco Cândido Xavier.
O ritual de beija-mão, em Uberaba, por volta do final da década de 1970, quando Chico Xavier viveu o auge de sua carreira e ganhou a blindagem da Rede Globo de Televisão, lembra um rito sacerdotal da Idade Média.
A imagem parece comovente, mas é grosseira, e revela um caráter hierárquico e, de certa forma, hipócrita, no tratamento com o povo pobre.
Isso envolve vários aspectos: idolatria religiosa extrema, sensacionalismo religioso, moralismo ultraconservador, domínio de um religioso (representante dos interesses místicos das classes dominantes) sobre a população pobre, atos de Assistencialismo etc.
São dados que desmentem a imagem de "progressista" associada a Chico Xavier e que pega até mesmo esquerdistas e ateus desprevenidos, como galinhas seduzidas pelo balanço do rabo de uma raposa.
A imagem tem um apelo de distanciamento hierárquico e revela tanto o culto à personalidade quanto ao complexo de superioridade travestido de suposta humildade por parte dos "médiuns" do Espiritismo brasileiro.
Se observarmos bem a foto, ela tem mais de deplorável do que de admirável.
Os pobres, sem romper com sua inferioridade social e se limitando a receber apenas donativos - que não partiram das mãos de Chico Xavier, mas de seus frequentadores, como "formigas" que trabalham para depois a "cigarra" obter prestígio com isso - , vão lá agradecer o "médium".
Mas é um agradecimento submisso, hierárquico, vertical (Chico se coloca socialmente "acima" dos pobres), ritualístico, extremamente protocolar, com forte apelo igrejeiro e com uma essência extremamente conservadora.
Note-se que os pobres aparecem em pose melancólica, submissa e mantendo a inferioridade social que nunca é rompida com a "caridade espírita", derrubando em definitivo o mito de que ela "transforma vidas".
Botar um punhado de roupa velha e uns pacotes de alimentos que se esgotam em três semanas (enquanto a "filantropia" que a resultou é comemorada por muito mais tempo) não é de forma alguma "transformar vidas".
Tudo fica na mesma, apenas a "miséria extrema" tem seus efeitos minimizados.
Mas uma coisa é "aliviar a dor" e outra, a de "curar a doença".
A "caridade espírita" se autoproclama ser um ato de Assistência Social, que é a caridade que transforma e "cura a doença" da pobreza.
Mas, na prática, exerce Assistencialismo, uma suposta caridade de baixos resultados sociais, pontuais ou provisórios, nos quais se "alivia a dor" sem "curar a doença".
Tanto isso é verdade que as famílias pobres atendidas pelas instituições do Espiritismo brasileiro são sempre as mesmas. Se os miseráveis permanecem os mesmos, a caridade falhou. Isso é certo.
Além disso, o que essa "caridade" mais produz é a idolatria ao suposto benfeitor, que nada contribui do seu bolso e dos seus bens para ajudar o próximo, mas apenas ordena que outros o façam para depois obter prestígio e fama com o esforço alheio.
Foi assim que Chico Xavier obteve sua imagem de "bondoso" que lhe garante blindagem até de uma parte de seus críticos.
O que ele obteve foi culto à personalidade e um poder de dominação e manipulação da opinião pública por uma série de manobras trazidas pelo imaginário religioso que o fizeram mais celebrado do que um astro da música pop.
A imagem desta postagem, no entanto, não pode ser vista com bons olhos, mas com um senso de questionamento bastante aguçado.
Por trás da "linda imagem", vemos relações cruéis de hierarquia e dominação, além do fato de que os pobres permanecem pobres, apenas momentaneamente "um pouco menos pobres".
A imagem lembra os velhos rituais sacerdóticos do beija-mão, muito comuns na Idade Média.
Portanto, essa imagem com Chico Xavier sendo cumprimentado por gente pobre revela o caráter igrejeiro e medieval do Espiritismo brasileiro.
Allan Kardec ficaria envergonhado se visse essa cena, pelo apelo ritualesco e pelo culto à personalidade que isso significa.
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