A diferença dos pretensos médiuns no Brasil e no exterior


"OH, NÃO, ESTÃO USANDO MEU NOME PARA FORJAR PSICOGRAFIA!".

Há uma grande diferença entre os pretensos médiuns do exterior e os do Brasil.

Não vamos falar dos verdadeiros médiuns, porque eles são muito raros e se trata de um outro tema que requer estudos mais sérios e extremamente cautelosos.

Falamos aqui dos pretensos paranormais que, para promover sensacionalismo e faturarem com isso, inventam mensagens atribuídas a personalidades mortas.

Os pretensos médiuns do exterior são geralmente pessoas ligadas a ocultismo, com um apelo místico tão grotesco e exagerado que não dá para enganar.

São geralmente pessoas cujas práticas se equiparam a dos astrólogos, tarólogos e leitores de bola de cristal.

Recentemente, uma pretensa mensagem psicográfica atribuída ao espírito da atriz estadunidense Brittany Murphy foi divulgada.

É uma mensagem de claro apelo sensacionalista e cuja abordagem se encaixa na narrativa equivocada da imprensa marrom, que pega pesado demais na tragédia da atriz, falecida em 2009, aos 32 anos.

A mensagem é confirmadamente fake, e só foi feita para alimentar o sensacionalismo, sem causar muita comoção.

No Brasil, todavia, farsantes desse tipo buscam imediatamente se disfarçar da maneira mais habilidosa possível.

Eles vão logo correndo arrumar um casarão ou, quando muito, um sobrado, para jogar uma meia-dúzia de pobres e doentes dentro, e faturar em cima do Assistencialismo.

Além disso, também se apressam a criar ciclos de palestras e lançar livros e artigos.

Na primeira atividade, pretendem virar dublês de ativistas sociais e filantropos. Na segunda, virar dublês de sábios e conselheiros morais.

Isso lhes garante a mais absoluta blindagem, bem mais do que os políticos do PSDB, que viraram vidraça nos últimos meses, nesses tempos de ascensão do fascismo à brasileira com Jair Bolsonaro.

E não estamos falando só de "peixes pequenos", não se fala da "Dona Fulana da Lavanderia" e seus "espíritos de lençol de cama".

Estamos falando dos "peixes grandes" mesmo: Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.

Sim, os dois são os maiores farsantes da mediunidade que se conhece em toda a História.

O pior farsante é aquele que se vende como "verdadeiro" e consegue enganar até especialistas com alguma competência e senso de observação.

Chico Xavier, como um equivalente anterior e místico do Marcelo "VIP" Nascimento e do estadunidense Frank Abagnale (Chico Abagnale?), era um artífice de obras fake.

Essa constatação, dolorosa para muita gente, se confirma quando há problemas em estilo e outros aspectos pessoais dos autores mortos alegados.

Caligrafias que não batem com as dos mortos nem linguagem que combine com o que eles pensavam e faziam em vida. Mas são caligrafias e linguagem que mostram claramente aspectos pessoais do "médium" e não do morto.

E isso se via em Chico Xavier, em que pese seu esforço de "caprichar" na imitação e, vale lembrar, realizando pastiches com a ajuda coletiva da equipe editorial da FEB e de consultores literários.

Divaldo Franco é ainda mais grotesco.

Pouco importa se é Joanna de Angelis, Marechal Deodoro da Fonseca, Adolfo Bezerra de Menezes, Manuel Philomeno de Miranda etc.

Todos têm rigorosamente a mesmíssima linguagem que Divaldo mostra em depoimentos pessoais.

Chico Xavier era mais sutil, mas também ele nunca fez o trabalho sozinho. Ele contava não com a "plêiade" de famosos e anônimos mortos, mas de gente da Terra, como Antônio Wantuil de Freitas e os redatores e editores da FEB.

Daí que, em Chico Xavier, se vê uma pretensa diversidade, com textos "infantis" atribuídos a Irma "Meimei" de Castro, textos "científicos" atribuídos a André Luiz, "crônicas" sob o nome de Humberto de Campos e "pensamentos" sob o nome de Emmanuel.

Isso não significa que Chico Xavier tenha sido mais honesto que Divaldo Franco.

Ambos são igualmente desonestos em suas obras "mediúnicas". Além de serem vergonhosos e preocupantes traidores dos ensinamentos espíritas, não por terem sido espíritas desde o começo (sempre foram católicos), mas por descumprir um compromisso que alegavam assumir.

Mas a mística que cerca os dois, alvo da mais cega adoração, motivada pela fascinação obsessiva e, em certos casos, pela subjugação, é preocupante.

Lá fora, um pretenso médium não chega sequer a ser confiável como um pretenso paranormal e é encarado, quando muito, como alguém comparável ao de um astrólogo de televisão.

Mas aqui o pretenso médium chega a ser visto, erroneamente, até como "filósofo".

Ele acaba sendo erroneamente creditado a virtudes inexistentes, mas exaltadas ao mais extremo fanatismo (um fanatismo nunca assumido no discurso, vale lembrar).

Aí o pretenso médium se torna, no Brasil, o "filantropo", o "sábio", o "homem simples", o "humanista", o "filósofo", o "conselheiro" e a ele se supõe até mesmo a posse de todas as respostas das questões humanas na Terra.

Isso parece lindo para muitos, mas é uma farsa de um descaramento que revolta de tão vergonhoso.

E isso diante de um quadro de deturpação da Doutrina Espírita que muita gente subestima.

Acha que as traições que no Brasil se cometem com o legado de Allan Kardec são "coisa pequena", meros "acidentes de percurso" ou inocentes "licenças poéticas". Só que não.

Essas traições são o que há de mais deplorável que se faz a um indivíduo. Kardec suou e deu duro para sistematizar seu legado, para os brasileiros bagunçarem com tudo.

Precisamos reeducar nossas mentes para o desapego que mais deveríamos ter: o desapego de abrir mão da adoração fácil aos "médiuns" do Espiritismo brasileiro.

Não tem pensamento desejoso que faça justificar a "saudade" aqui e ali por Chico Xavier ou o apreço deslumbrado a Divaldo Franco e João Teixeira de Faria, o João de Deus.

Todos eles e seus similares são deturpadores do Espiritismo, reduzindo, de maneira irresponsável, o legado kardeciano a um igrejismo de apelo medieval, e não iluminista, como é o original francês.

Devemos parar de sentimentalismo piegas, porque a adoração aos "médiuns" sempre leva alguém ao ridículo, para não dizer ao azar. Quanto mau agouro rendeu essa adoração, principalmente aos mais velhos, que depois tiveram seus filhos mortos por nada.

Por isso que o Brasil é um país cheio de absurdos, e teima em se apegar a eles, em vez de buscar meios de sobrevida que garantam o progresso real na sociedade.

Ficamos em velhos paradigmas religiosos, políticos, administrativos, culturais etc.

Daí que nossos "heróis" ficam sempre sendo músicos "sertanejos", "médiuns espíritas" e políticos fascistas. Se tudo se manter assim, não haverá jeito algum para o Brasil progredir.

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