Seguidores de Chico Xavier e Divaldo Franco quase não leem seus livros

A LEITURA DAS IDEIAS DOS "MÉDIUNS" CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO, ENTRE OUTROS, SE LIMITA PRATICAMENTE A FRASES CURTAS PUBLICADAS NAS REDES SOCIAIS.

Com toda certeza, o Espiritismo brasileiro, de raiz roustanguista e apelo igrejeiro, não é uma doutrina marcada pela inteligência e bom senso.

É mais uma doutrina de adoração e deslumbramento, embora as pessoas tenham a falsa impressão de que são esclarecidas, em que pese todo obscurantismo doutrinário.

O que se nota é que os "médiuns" são tão adorados ao extremo, pela fascinação obsessiva e, por vezes, subjugação que escraviza boa parte dos brasileiros, entre seguidores e simpatizantes, dessa doutrina igrejeira.

Só que seus livros quase não são lidos, e, quando o são, o que é raro, essa leitura é mais motivada pelo entretenimento analgésico do que pela busca de esclarecimento, até porque esses livros, são, em verdade, arremedos de livros de autoajuda e, eventualmente, de dramalhões literários.

Os adorados Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco não são adorados pela leitura regular e constante de seus livros, que, todavia, apresentam aberrantes contradições em relação à Doutrina Espírita original.

Muitas dessas contradições haviam sido advertidas pela doutrina de Allan Kardec, como em O Livro dos Médiuns.

Textos empolados (como na linguagem rebuscada de Divaldo Franco e no texto pomposo dos livros lançados por Chico Xavier), uso de nomes ilustres (como no caso dos literatos "evocados" nas pretensas psicografias), feitos para causar impressão no grande público (sensacionalismo).

Kardec havia prevenido sobre essas táticas para ludibriar as pessoas e inserir ideias estranhas à doutrina original, como sonhar com colônias espirituais feitas ao capricho da materialidade terrena.

Os livros trazidos por Xavier e Franco, os depoimentos de ambos e as palestras do último, de maneira confirmada, indicam violações vergonhosas dos ensinamentos espíritas originais.

Kardec não ensinou só filantropia. Seríamos ingênuos se tomarmos esse suposto denominador comum do Espiritismo francês e do Espiritismo brasileiro como artifício para legitimar a doutrina igrejista que predomina no Brasil.

O pedagogo francês ensinou coerência, lógica e honestidade com a realidade objetiva em que vivemos.

Devemos considerar que apelos aparentes de amor e caridade não fazem a desonestidade doutrinária que arruina o Espiritismo no Brasil se tornar mais honesta.

Da mesma forma, amor e caridade não são atenuantes para os desvios doutrinários adotados pelo movimento espírita desde o começo.

Pelo contrário, deveriam ser agravantes. A dissimulação que o Espiritismo brasileiro adotou nos últimos 40 anos para disfarçar a deturpação doutrinária só fez piorar as coisas.

E aí temos alguns artifícios estranhos.

No caso do escritor Humberto de Campos, estranha-se que os livros originais do autor maranhense estão há muito desaparecidos das livrarias.

Suspeita-se que isso é um truque para evitar a leitura comparativa que apontaria fraude nas obras "mediúnicas" que levam o nome dele ou a alcunha "Irmão X".

Mas também os livros fake trazidos por Chico Xavier, entre tantos outros que levam outros nomes autorais, só circulam livremente no mercado literário por puro enfeite.

Afinal, poucos leem os livros de Chico Xavier. E os Divaldo Franco, então, quase não há viva alma, ou mesmo as almas do além-túmulo, que tenham lido algum livro do "médium" baiano.

As leituras que se fazem dos dois pretensos sábios - ou pseudossábios, conforme os ensinamentos espíritas originais - se limitam a frases curtas publicadas nas redes sociais. As redes sociais, salvo honrosas exceções, viraram reduto de estupidez e burrice.

São pequenos trechos de livros ou depoimentos colhidos da imprensa, que apresentam supostas lições de vida, à maneira dos manuais de auto-ajuda.

Isso num país em que o sentido de "filosofia" é deturpado, rebaixado a pequenas frases, entre moralistas ou hedonistas, ditas por qualquer pessoa.

Ficou comum a mídia de subcelebridades dizer que fulano "filosofa" nas redes sociais.

Neste sentido, fica fácil colher pequenas frases de "médiuns espíritas" e atribuir a eles um status de "filósofos", com a mesma convicção de adeptos de Jair Bolsonaro chamando seu ídolo de "mito".

É, portanto, bastante suspeito que a "sabedoria" de Chico Xavier e Divaldo Franco, ou de algum outro similar, se resuma a um punhado de frases publicadas em memes nas redes sociais.

Uma pretensa "sabedoria de bolso" que forja, de maneira postiça, uma "sabedoria plena" para aqueles que possuem um "saber" fragmentado e, por isso, confuso e cheio de equívocos.

É isso que emburrece o Brasil e esse superficialismo das frases curtas nada contribui para fazer as pessoas esclarecidas. Só as faz permanecer nas zonas de conforto do deslumbramento religioso e do conservadorismo ideológico, mesmo o travestido pelo hedonismo mais brega.

No caso dos memes de Chico e Divaldo, isso comprova o quanto o Espiritismo brasileiro é uma doutrina equivocada, ao se comprometer mais e mais com o obscurantismo.

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