Movimento espírita tenta enrolar para evitar identificação de 'fakes'
EXTREMAMENTE SURREAL - DA PESSOA DO ESCRITOR HUMBERTO DE CAMPOS, PREVALECEM AS OBRAS FAKE TRAZIDAS POR CHICO XAVIER.
O movimento espírita enrola e tenta usar critérios complicados e desnecessários, alegações absurdas porém em linguagem de tecniquês, entre outras coisas para legitimar os fakes que são produzidos sob o rótulo de "mensagens espirituais".
Sem um estudo sério, mas com uma prática feita à revelia dos ensinamentos espíritas originais, produz-se supostas mensagens espirituais pela imaginação fértil de supostos médiuns, que nunca possuíram concentração suficiente para entrar em contato com os mortos.
Além do mais, eles não só não têm concentração como não têm vibração para atrair espíritos que, provavelmente, desconfiam muito desse star system enrustido que é o mercado da pretensa mediunidade.
Sabe-se que o próprio Allan Kardec preveniu para não se usar nomes ilustres a torto e a direito, como num capricho de se promover às custas do morto da moda para atrair público e prestígio, porque isso pode trazer efeitos negativos como o estrelismo e a divulgação de ideias sem coerência nem lógica.
Com um arrivista como Francisco Cândido Xavier - algo chocante para os dias de hoje, mas saindo da zona de conforto da memória curta, se observa o quanto ele aprontou de obras fraudulentas - , a mediunidade se reduziu a um espetáculo de baixo nível, apesar do aparato das "lindas mensagens".
Tudo virou bagunça. Um famoso morre, e meses depois tem "psicografia" atribuída a ele, com a mesma conversa fiada igrejista, apenas variando conforme o contexto.
É algo que não é confiável, embora muitos aceitem como "autênticas" mensagens que apontem falhas de dados pessoais em um momento ou em outro, ou que são tão genéricas que não dá para confiar se elas são verdadeiras ou não.
É lamentável e muito triste a blindagem que acontece no Espiritismo brasileiro, apesar dos seus membros fazerem o que querem e ludibriarem de toda maneira a população, seja traindo os ensinamentos kardecianos originais, forjando mediunidade fake ou fazendo caridade de fachada.
No caso da mediunidade fake, numa época em que se preocupa em combater as fake news, infelizmente no caso das falsas psicografias e falsas psicopictografias, a impunidade é estimulada até pela própria Justiça, que faz vista grossa ou autentica obras suspeitas.
Analisando as pinturas e textos tidos como "mediúnicos", eles, em sua totalidade, demonstram falhas graves de estilo e aspectos pessoais diversos, por mais que tentem se assemelhar à natureza pessoal de cada autor morto alegado.
Essas falhas podem ser identificáveis por uma simples leitura, por uma simples observação, com um razoável nível de conhecimentos e informação.
Mesmo assim, acadêmicos ligados ao movimento espírita tentam enrolar e dizer que tais aspectos são "insuficientes" para considerar ou não se tais obras são fraudulentas.
A maioria dos trabalhos acadêmicos, trazida por gente como Alexander Moreira-Almeida e Alexandre Caroli Rocha, tentam apostar na "incerteza" para salvar obras com veracidade questionável.
Caroli Rocha, por exemplo, tenta deixar "em aberto" a hipótese da "psicografia" atribuída a Humberto de Campos "ser verdadeira ou não".
Ele alega que é necessário recorrer aos procedimentos de conhecer a natureza do espírito na vida além-túmulo e nas naturezas psicológicas da mediunidade.
Chega a ser risível, porque são esses procedimentos que NÃO são feitos pelos "médiuns", a partir do próprio Chico Xavier.
Isso é apenas uma desculpa, "cientificamente" bem construída, para que se deixe passar tais obras.
Dessa forma, se exime de certos setores da chamada comunidade científica a presunção de que as obras de Chico Xavier, mesmo cheias de contradições, são "autenticamente psicográficas".
Mas se permite que essas obras tenham livre circulação no mercado, em nome do "livre arbítrio" da religião envolvida e seus seguidores dos mais diversos tipos.
São obras que, em boa parte antigas, não têm problema sequer de copyright, o que aumenta ainda mais a bagunça, multiplicando a farra que se faz com os fakes de além-túmulo.
Para evitar comparações, a obra original que Humberto de Campos produziu enquanto vivo desapareceu das livrarias, para evitar comparações com a obra fake lançada por Chico Xavier.
A suposta psicografia é fake porque o estilo que Humberto de Campos produziu em vida é um, o estilo atribuído a seu suposto espírito é completamente outro.
Isso é claro, é explícito, mas como a realidade dói em muita gente, muitos ficam entristecidos com essa constatação realista e a definem como "impiedosa, injusta e contrária ao trabalho do bem".
É ingenuidade demais que permite que um seleto número de oportunistas escreva impunemente mensagens igrejeiras usando os nomes dos mortos que quiserem.
Isso é ruim, porque, além de produzir sensacionalismo com a suposta paranormalidade e seduzir as massas com o apelo religioso e supostamente amoroso contido nessas mensagens, estas também produzem o estrelismo de pretensos "médiuns", garantindo o culto à personalidade.
Muitos associam Chico Xavier à imagem adocicada do velhinho bondoso, do mestre religioso, do filantropo dedicado, da figura amorosa, qualidades bastante discutíveis, mas engenhosamente trabalhadas pelo discurso midiático, com a decisiva ajuda da Rede Globo de Televisão.
Mas seu passado sombrio mostra o quanto ele fez coisas erradas para atingir tal reputação, enganando multidões, criando obras literárias fake para produzir sensacionalismo e escândalos e apoiando fraudes de materialização, entre outras coisas.
A forma com que se trabalha hoje o apresentador Luciano Huck como um dublê de ativista social deveria nos ensinar como se constrói um "filantropo" de mentirinha.
Não se define nem se esclarece qual foi a "caridade" de Chico Xavier, e mesmo que essa "caridade" tenha trazido resultados pífios (Uberaba, seu último reduto, até despencou em Índice de Desenvolvimento Humano, indo do 104º em 2000 para 210 em 2010), mas aceita-se tudo sem críticas.
E as "cartas mediúnicas" e as reuniões em que elas eram produzidas - verdadeiras orgias da fé deslumbrada - não eram realmente uma caridade, mas sensacionalismo feito às custas da tragédia alheia e como forma de promoção pessoal do suposto médium.
Isso é tão certo que as fraudes eram identificáveis apenas confrontando as assinaturas das supostas cartas dos mortos com documentos que eles deixaram em vida. As caligrafias não batiam umas com as outras.
Isso é fácil de reconhecer, as fraudes se observam quando as supostas obras espirituais entram em contradição com aspectos pessoais deixados pelos mortos.
Não é necessário ir mais além ou buscar métodos mais complexos. Se a caligrafia destoa da letra original do morto, se o estilo literário difere completamente, já dá para identificar uma fraude.
Isso é questão de lógica, de observação, e, apesar de parecer cruel para os devotos dos "médiuns" do Espiritismo brasileiro, é um procedimento recomendado por Allan Kardec.
É só ler O Livro dos Médiuns. Se há algum problema de aspecto pessoal numa obra supostamente mediúnica, ela é fraudulenta, por mais que sua mensagem prometa a paz mundial e o amor entre os povos.
Mesmo mensagens amorosas podem ser desonestas, e Kardec já alertava sobre esse perigo.
Além do mais, uma mensagem supostamente espiritual, mesmo tendo o maior número de semelhanças com os aspectos pessoais marcados pelo morto enquanto era vivo, se tiver uma diferença que caísse em contradição, há forte indício de fraude.
Um simpatizante de Chico Xavier que se diz "não-espírita" tentou atribuir veracidade a um poema atribuído a Casimiro de Abreu no livro Parnaso de Além-Túmulo.
Só que o cidadão reproduziu apenas os dois primeiros versos. Esqueceu-se de ver que, numa das últimas estrofes, não reproduzidas para seu argumento, a farsa se mostra quando o suposto Casimiro fala em "alegria para sofrer e lutar".
Um Casimiro de Abreu com prazer de sofrer? Feliz por aceitar o sofrimento? Ele, que havia sido poeta ultrarromântico, quando era vivo.não via o sofrimento como um prazer, mas antes como uma tristeza.
Essa "alegria para sofrer" é Teologia do Sofrimento, é visão totalmente pessoal de Chico Xavier, e lembrando a todos que não é de forma alguma maravilhoso um espírito expressar o estilo pessoal do "médium" mineiro, como se as opiniões pessoais deste fossem "universais e sublimes".
Nada disso. Tudo isso é leviano, fraudulento, mistificador, e Chico só agravou as coisas quando usava os nomes de poetas e escritores mortos, e, mais tarde, anônimos como Meimei e Jair Presente, para falsamente "concordar" com as ideias medievais do suposto médium.
Devemos encarar, sim, os questionamentos. Deixemos de acreditar em contos de fadas e vamos contestar a validade de mensagens que, embora agradáveis, são bastante suspeitas em muitos aspectos.
Devemos abrir mão de idolatrias religiosas, fascinações obsessivas e outras tolices, porque temos muito mais coisas a fazer na vida do que ficar perdendo tempo adorando ídolos religiosos de valor duvidoso e promovidos por redes de televisão.
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