Lulu Santos, vivo, tem seus dias de Humberto de Campos
A permissividade com que se produz, em nome do Espiritismo, mensagens fake atribuídas aos mortos permite que se produzam textos falsos aqui e ali.
A proliferação de páginas de notícias falsas - ou fake news - é tão grande que atinge até mesmo a grande imprensa, sobretudo através da contratação de jornalistas pouco gabaritados.
Há até fake news desmoralizando Lula, entre os quais boatos de posses de apartamento e sítio que nunca foram devidamente esclarecidos, mas valeram sentença criminal nas mãos de uma Justiça tendenciosa.
Mas há outro texto de fake news dizendo que um famoso feminicida, já idoso - com passado de tabagismo intenso e drogas, vivendo sem um rim e, portanto, com idade para sofrer doenças graves (no caso, câncer) - estaria "muito ativo nas redes sociais".
A notícia é falsa, até porque, a essas alturas, ele apenas quer repousar, já no fim de sua vida. Octogenário, a última coisa que ele teria é um apetite de redes sociais comparável ao de um youtuber de 20 anos.
Quem "está muito ativo nas redes sociais" são o assessor dele e alguém da família, que "navegam" em seu nome. Até porque o velho feminicida, em tempos de convulsões sociais, não iria querer ver notícias desagradáveis direta ou indiretamente relacionadas a ele na "selva" digital.
Fake news da grossa dentro da própria imprensa que lançou uma campanha contra a prática.
Nas redes sociais, então, as notícias falsas são as que mais recebem curtidas pelo impacto que causam com seu sensacionalismo barato.
Tudo isso se dá porque o exemplo das psicografias fake são tidos como "sublimes". Diante desse exemplo "iluminado", se abre sintonia e caminho para as fraudes textuais mais ordinárias.
Basta colocar mensagens "de amor e paz" ou "lições de vida" para as mensagens fake serem tidas como "autênticas", a ponto de seus defensores só aceitarem fórmulas rocambolescas para desmontar tais "psicografias".
Isso é risível, porque os defensores dessas "pseudografias" legitimam obras que facilmente podem ser reconhecidas como falsas, porque fogem completamente do estilo dos respectivos autores atribuídos.
Pois a onda dos fakes não assombra só a turma do além-túmulo, que não está aí para reclamar, usurpada impunemente por "médiuns" que se escondem, apressadamente, numa "caridade de fachada", para fugirem do braço longo da lei.
E vendo que essas falsas psicografias, feitas ao arrepio da Ciência Espírita, são muito populares nas redes sociais, onde se produzem fake news em quantidade industrial, até as mensagens fake atribuídas aos vivos são livremente publicadas.
Um psicanalista carioca até se sentiu sintonia com esses ambientes de falsificação que resolveu lançar mensagens, em português de youtuber, atribuídas risivelmente a Hannah Arendt, Erich Fromm e outros cientistas.
Já as mensagens de vivos, de autoria apócrifa e sem um divulgador definido, houve textos atribuídos a personalidades do nível de Luís Fernando Veríssimo.
Recentemente, uma mensagem sobre reforma política foi atribuída ao cantor Lulu Santos, supostamente criticando os problemas do INSS, os salários dos servidores e a corrupção política.
A mensagem também é "unificadora", como nas supostas psicografias que, no passado, usurparam os nomes de Humberto de Campos, Auta de Souza e Castro Alves, e que, recentemente, vitimaram as memórias de Raul Seixas, Getúlio Vargas e até Daniella Perez e Domingos Montagner.
Mesmo assim, Lulu Santos, vivo e ativo, e que se considera apolítco, o que é um direito pessoal dele, o de não interferir em polêmicas ideológicas, denunciou a fraude.
A mensagem circulou no Facebook e quase foi parar no Diário de São Paulo, que iria publicá-la como "autêntica", mas faliu três meses antes.
"O texto atribuído a mim, se é que se pode acreditar no que está escrito (...), é absolutamente inverídico, fake news da pior espécie", escreveu Lulu, em sua página oficial no Facebook.
Ele acrescentou: "Não é minha linguagem, tampouco meu pensamento, é apenas fruto destes tempos fuleiros que se vive hoje em dia. Se de fato tiver sido publicado, medidas legais serão tomadas".
Imagine o que diria Humberto de Campos diante da usurpação de seu nome em obras escritas por Chico Xavier, Wantuil de Freitas e editores da FEB?
Seria uma vergonha na qual nem palavras "cristãs" salvariam.
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