Dois velhos feminicidas estão morrendo. E agora?


FEMINICÍDIO É UMA PRÁTICA MOVIDA PELO IMPULSO MACHISTA, DO QUAL OS PRÓPRIOS FEMINICIDAS ESCONDEM SUA INCLINAÇÃO AUTODESTRUTIVA.

Na farra do feminicídio, conforme os noticiários mostram, um fato chama a atenção.

Dois antigos feminicidas, na casa dos 80 anos de idade, estão morrendo e ninguém presta atenção a isso.

Não vamos dizer os nomes deles, mas eles são conhecidos e ligados a ricas famílias de São Paulo.

Um cometeu um crime nos anos 1970, outro nos anos 2000.

O que cometeu o crime nos anos 1970 preocupava seus amigos, já na época do crime, pelo intenso tabagismo e pelo uso de cocaína do referido machista, que nos últimos anos já havia deixado as drogas, mas continuou consumindo cigarro comum.

Com 84 anos, esse sujeito, símbolo do machismo conservador, já perdeu um rim e estaria com os pulmões fraquejados. Consta-se que ele sofre de câncer há 30 anos, mas ele teria sido diagnosticado de maneira tardia.

Além disso, ele estaria também sofrendo de mal de Alzheimer, que ele, em uma de suas últimas entrevistas, tentou definir como "dislexia". Machista não expõe suas fraquezas.

O outro feminicida, de 81 anos, ingeriu, após o crime, uma overdose de medicamentos. Já correram notícias de que ele estava quase cego devido a diabetes e também sofrendo de câncer na próstata.

As mulheres que eles mataram estavam na cada dos 30 e poucos anos. Ambos os crimes comoveram todo o país e seus assassinos só passaram pouco tempo na prisão.

Hoje eles, em idade avançada, estão perto de morrer. Mas, aparentemente, não se pode mencioná-los nesse drama pessoal.

Um jornal de grande circulação chegou a inventar, num surto de fake news que atinge a imprensa hegemônica, que o feminicida de 84 anos estava "muito ativo nas redes sociais", coisa impensável até pelas condições sociais e vitais em que ele se encontra.

E por que a sociedade fecha os olhos e ouvidos para as duas tragédias anunciadas?

A estranheza não é falar de tais tragédias, mas antes reagir contra ela.

As tragédias a ocorrerem não são fruto de alguma raiva feminista ou algum outro tipo de rancor, até porque em parte elas vêm de pressentimentos de pessoas amigas dos dois feminicidas.

O problema está no duplo sentimento de desprezo e apego da sociedade moralista que temos hoje, dias da onda conservadora que põe o Brasil sob ameaça do fascismo, aos feminicidas.

É uma sociedade paradoxal, que tanto despreza os feminicidas, desde que eles estejam "hospedados" em algum porão do moralismo patriarcalista e machista.

Daí que é muito estranho ver que essa sociedade, diante da constatação de que dois feminicidas idosos estão muito doentes, vê essa informação como "preconceito", "desaforo" ou "dano moral".

Não, nada disso. Essa constatação se dá pela natureza biológica. Paciência, feminicidas também são movidos pelo impulso autodestrutivo de suas vidas.

Recentemente, o feminicida Luís Manvalier, de Guarapuava (PR), professor de 32 anos que matou a ex-mulher Tatiane Spitzner, andava consumindo anabolizantes com muita frequência.

Noticiários já confirmaram casos de homens nessa idade que morreram de infarto consumindo as mesmas substâncias.

O feminicida de 84 anos, que havia sido "símbolo da honra masculina" há 40 anos, fumava tanto que parecia ter 57 anos, nos padrões biológicos da época, quando ganhou a liberdade condicional, no começo dos anos 1980.

Por muita sorte, esse feminicida não faleceu antes dos 60 anos, mas hoje, por suas condições vitais, seu espírito "pede para sair", por mais que o moralismo machista se recuse a admitir que ele esteja doente.

Nós não podemos ser culpados por anunciar tragédias assim. Paciência, o organismo, quando atingido pelos descuidos à saúde, decai como em qualquer outro.

Não se pode definir como "mimimi" o fato de que um feminicida está doente, principalmente num contexto em que os feminicidas, que combinam tensões emocionais diversas, estão entre os mais sujeitos de morrer de câncer ou infarto fulminante.

O moralismo que supõe que um feminicida que fumou demais na juventude possa chegar "inteiro" aos 80 anos é que é surreal.

Todos os tipos de pessoas morrem, mas, no imaginário social dominante, os feminicidas "não podem morrer". Expor sua fragilidade soa "ofensivo", na sociedade machista e patriarcal em que vivemos.

A questão não é a gente odiar ou amar os feminicidas, mas trazer um alerta sobre a tragédia que os homens que assassinam suas próprias mulheres produzem para eles mesmos.

As vidas deles são trágicas, porque eles tiram a vida de suas companheiras sabendo do risco que tais atos trazem para seus responsáveis.

O feminicídio não é um desabafo de nada no qual seu criminoso se sai dessa zen e saudável.

Pelo contrário, ele atrai para si uma série de tensões emocionais que acabam produzindo câncer ou agravando riscos de infarto.

O grande problema é que vários desses feminicidas são de algum prestígio social e não podem ter suas doenças e debilidades divulgados.

E aí, diante da fragilidade de dois velhos feminicidas, que estão doentes não porque as feministas quiseram, mas porque eles cometeram sérios descuidos à saúde, até a imprensa treme de medo diante da tragédia anunciada.

Fácil foi quando suas respectivas ex-mulheres foram abatidas por tiros de revólver dados por seus ciumentos maridos.

Difícil é ver que eles, pelos seus descuidos à saúde, é que estão morrendo. Afinal, eles são humanos, seus organismos não são mais diferenciados do que outras pessoas sob as mesmas condições.

Agora eles, fragilizados, veem seus sinais de vida se esgotando e a sociedade conservadora arrancando os cabelos ao perceber que os dois feminicidas, dentro em breve, não serão mais do que póstumas lembranças de um machismo triunfalista.

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