Como os brasileiros são manipulados e não sabem!

CHICO XAVIER E JAIR BOLSONARO - SUBPRODUTOS DE UMA INDÚSTRIA DA EXPLORAÇÃO DA CATARSE EMOCIONAL HUMANA.

O Brasil é um país atrasado. Mas não da forma como o status quo midiático, jurídico, político e religioso tenta dizer para a maioria de brasileiros.

O nosso país está tomado de um padrão de percepção das coisas que remete mais à Idade Média.

O padrão de moralismo da maioria dos brasileiros é medieval.

Nosso padrão de caridade, na qual o que importa mais é idolatrar o benfeitor, pouco se ligando para os mais necessitados (na melhor hipótese, tratados como animais domésticos), é extremamente medieval.

Nossos ídolos, nossos apegos, nossas fantasias, são medievais.

E nossa teimosia faz o Brasil querer ser medieval no futuro, como se estivéssemos ainda no século 5 e achamos o século 12 - começo do auge da Idade das Trevas - o máximo de futurismo.

Num sentimento de moralismo esquizofrênico, muitas pessoas, achando que dão lição de desapego, ficam felizes e resignadas quando artistas e pensadores de grande valor morrem prematuramente ou no auge de suas atividades.

Mas quando se trata do mesmo destino trágico assombrar os assassinos ricos, são essas mesmas pessoas a se incomodarem, e, confusas, veem como "dano moral" uma simples notícia de que um assassino rico está com câncer, mesmo com motivos lógicos que causaram tal enfermidade.

Com tanta facilidade as pessoas se apegam a velhos paradigmas! E, o que é pior, acreditando que muitos desses paradigmas representam o "novo" e o "futuro".

O poder midiático se aproveita disso e recicla o elenco de pretensos heróis ou anti-heróis, mesmo que seja para produzir "malvados favoritos" a estabelecer uma relação de quase adoração por parte do público.

Ou de produzir "heróis" por motivação nenhuma, apenas pela simples produção de catarse emocional.

Isso favoreceu tanto personalidades religiosas associadas a um paradigma medieval de "bondade humana", como Francisco Cândido Xavier, como personalidades associadas a um paradigma confuso e esquizofrênico de moralidade e disciplina, como Jair Bolsonaro.

A mídia hegemônica produz seus ídolos, nem sempre mostrando suas virtudes, mas às vezes até mesmo apostando na banalização do erro humano.

Afinal, um Chico Xavier que causou problemas nos meios literários - que facilmente identificavam fraudes literárias nas supostas psicografias - e um Jair Bolsonaro ofendendo negros e mulheres têm o preocupante efeito de não arranhar um momento sequer em suas popularidades.

Pelo contrário. A grande mídia lhes dá mais visibilidade, e a banalização do erro, na qual o pretexto da polêmica faz erros aberrantes serem vistos como "possíveis acertos", torna-se preocupante, na medida em que não barra o caminho para a produção de ídolos pitorescos e de valor duvidoso.

Uma série de falácias de cunho publicitário, explorando as emoções frágeis dos brasileiros, permite que um Chico Xavier e um Jair Bolsonaro se tornem glorificados e bastante populares.

É uma estratégia de marketing, bastante engenhosa e persuasiva, mas tão mentirosa quanto dizer que aquele sabão em pó deixa a roupa mais branca ou que um automóvel traria a felicidade humana.

Só que esse marketing é mais perigoso do que aquele que, pelo menos, só quer vender sabões em pó, automóveis e outros produtos, como aquela cerveja que trará a mulher amada para os braços do machão em questão.

É um marketing que toca no inconsciente, trava o raciocínio e transforma as pessoas em reféns de seus ídolos, num sentimento de perigosíssima obsessão.

As pessoas não sabem por que idolatram Chico Xavier e Jair Bolsonaro. E quando tentam justificar, se atrapalham ou se comportam como verdadeiros zumbis.

Acabam dizendo bobagens vagas do tipo "ele fez caridade" ou "ele vai mudar o país", sem trazer motivações realmente consistentes e sendo movidos pela mais cega e perigosa emoção.

Pior: são persistentes em argumentar que não dá para argumentar, querendo sempre ter a posse da verdade, ainda que à mercê de desculpas confusas e até de eventuais reações odiosas que até os adeptos de Chico Xavier possuem.

São motivadas pela fantasia que seus ídolos representam, manipuladas num processo de publicidade ostensivo, porém sutil e imperceptível para mentes pouco esclarecidas.

Chico Xavier é o maior beneficiado dessa catarse emocional doentia, trabalhado como ídolo religioso pelo discurso midiático mais habilidoso.

Ele que, no fundo, é o maior e mais vergonhoso deturpador de toda a história da Doutrina Espírita, fato conformado pelo conteúdo de suas obras, com aspectos que contrariam os ensinamentos trazidos por livros sérios como O Livro dos Médiuns e O Livro dos Espíritos.

Tanto que o "médium", que sempre foi uma figura reacionária e ultraconservadora, passou a ser cortejado até por setores das esquerdas que compartilham esse sentimento ao mesmo tempo débil, mórbido e obsessivo de fascinação a um ídolo religioso.

E o que é pior é que esses esquerdistas de foice e martelo ocos acham que Chico Xavier vai trazer, na forma de espírito, o esquerdismo de volta ao Brasil.

É triste que esse rol de confusões, de sentimentalismos obsessivos, de teimosias e manias de argumentar sem razão continuem extremas, frequentes e intermináveis.

É prova que o Brasil anda refém de suas próprias percepções medievais, de um entulho de sensações moralistas, elitistas, místicas, fantasiosas, vingativas, idealizadoras etc.

Os brasileiros são manipulados pela influência da velha grande mídia e seu braço capanga, a imprensa sensacionalista, que produz paradigmas culturais, morais, religiosos etc bastante retrógrados, cafonas, medievais.

Um país que não deixa seus assassinos morrerem, que pede um tirano para governar o povo, que quer abrir mão de seu patrimônio, que se apega de maneira doentia (a níveis febris) a ídolos religiosos e ainda se conforma com suas próprias crises, através da banalização e da complacência a erros graves.

Se o Brasil não remover esses entulhos emocionais e moralistas, o país cairá no fundo do poço e as próprias pessoas que se aprisionam em suas convicções pagarão o preço caro de não abrirem mão de seus equívocos para enxergar a realidade de maneira menos fantasiosa e mais realista.

Esquecem os brasileiros que, diante dessa dificuldade, é necessário abrir mão de ídolos e paradigmas velhos em vez de se apegar aos mesmos acreditando que velhos entulhos irão reconstruir o Brasil.

Mas esses entulhos só irão destruir ainda mais o país, que já retomou a postura subalterna e vergonhosa na comunidade das nações. E o Espiritismo brasileiro, que exaltou os retrógrados movimentos de 2016, foi um dos que mais contribuíram para isso.

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