Rede Globo reinventou Chico Xavier visando barrar ascensão de Lula
As forças progressistas no Brasil são muito ingênuas.
Mesmo as esquerdas, que acertam em muitas abordagens, padecem, de vez em quando, da Síndrome de Estocolmo ao defender valores próprios da mídia hegemônica que elas se empenham em combater.
O "funk" e o Espiritismo brasileiro são exemplos, duas coisas blindadas pelas Organizações Globo e com esta exercem relações de profunda cumplicidade.
Pois, com exclusividade, nós mostramos que o mito de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, não é mais do que uma grande jogada publicitária armada pelo poder midiático.
Primeiramente articulado pela parceria entre FEB e Diários Associados, sobretudo na pessoa de Antônio Wantuil de Freitas, descobridor de Chico Xavier, o mito do "médium" foi depois reciclado de maneira habilidosa pelas Organizações Globo.
Antes hostis ao "médium", as Organizações Globo, da família Marinho, passaram a apoiar o Espiritismo brasileiro como se fosse a religião oficial da empresa.
A REVISTA ÉPOCA, DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO, QUE EXALTA O MITO DE CHICO XAVIER É A MESMA QUE DEPRECIA E DESMORALIZA O EX-PRESIDENTE LULA.
E isso vem de cerca de 40 anos, quando os primeiros programas endeusando Chico Xavier eram difundidos pela Rede Globo, com roteiro "importado" do que o inglês Malcolm Muggeridge fez com Madre Teresa de Calcutá.
Sabemos que um dos propósitos do mito de Chico Xavier trabalhado pelas Organizações Globo é evitar a ascensão dos pastores evangélicos de tendência pentecostal, que arrendavam programas de TV para fazer pregações.
Mas há outros propósitos dessa reinvenção do mito, feita há cerca de 40 anos pela empresa dos Marinho.
Era época de grave crise da ditadura militar - abertamente apoiada pelo próprio Chico Xavier, em palavras explicitamente suas - e período de convulsões sociais profundas.
Diante disso, ativistas sociais diversos, entre ambientalistas e sindicalistas, cresciam em popularidade ao fazerem suas defesas pela qualidade de vida da população e pela redemocratização do país.
Um desses personagens chamava a atenção: o sindicalista Luís Inácio Lula da Silva.
Lula tornou-se um dos maiores símbolos pela redemocratização do Brasil.
A mídia hegemônica o via com preocupação e Lula chegou a ser preso em 1980, despertando comoção nacional.
O que a mídia hegemônica (Rede Globo, que detinha um quase monopólio de audiência sobre as concorrentes) fez para neutralizar a popularidade do depois fundador do PT?
Simples. Apelou para um pretenso símbolo de humanismo, progressismo, altruísmo e libertação, tudo dentro de uma abordagem conservadora que mantivesse as estruturas desiguais da sociedade brasileira.
E esse símbolo foi Chico Xavier, que a Globo transformou na pretensa unanimidade que vale, infelizmente, até hoje.
Um "médium" reacionário, mas embalado sob encomenda para ludibriar também os esquerdistas, a ponto de achar que Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho poderia prever a libertação de Lula.
A tão festejada "caridade" de Chico Xavier, feita nos moldes espetaculares que hoje se observa nos quadros "sociais" do Caldeirão do Huck - da mesma Globo, e lembrando que Luciano Huck é fã confesso do "médium" - , nunca passou de uma propaganda de algo fajuto e sem grandes resultados.
É uma "caridade" feita mais para promover adoração ao pretenso benfeitor, porque os resultados em prol dos necessitados são, na melhor das hipóteses, bastante medíocres.
Isso se comprova pelo fato de que o Brasil valorizou demais os "médiuns espíritas", lhes presta adoração o tempo todo, brasileiros publicam suas frases com muito deslumbre, mas o país nunca conseguiu atingir níveis expressivos e efetivos de emancipação social dos pobres.
Quando o Brasil começou a atingir algo próximo desses níveis, não foi por causa dos "projetos assistenciais" dos "médiuns", mas pela ação política dos dois governos de Lula.
As esquerdas ficam ingênuas endeusando Chico Xavier, o "filantropo da Rede Globo", sem exercer qualquer desconfiança.
Não sabem que não é coincidência que, nos últimos anos, o Espiritismo brasileiro apoiou a Operação Lava Jato, o Movimento Brasil Livre, o governo Michel Temer, a reforma trabalhista, a reforma previdenciária e havia dividido seus corações entre Aécio Neves e Jair Bolsonaro.
Faz parte do conteúdo ultraconservador do Espiritismo brasileiro, que sob o aparato de humildade e despretensão e sob o rótulo da doutrina kardeciana, esconde uma religião terrivelmente medieval.
Enquanto esquerdistas que questionam o poder da Globo endeusam ingenuamente Chico Xavier, os espíritas que o acolhem como "mestre" agradecem a empresa da família Marinho pelo apoio a essa religião.
E a Globo reinventou Chico Xavier, à maneira de um pretenso filantropo de folhetins novelescos, para tentar frear a ascensão do famoso sindicalista e, depois, ex-presidente.
Seria bom que as pessoas fossem menos ingênuas e enxergarem as coisas fora das ilusões confortáveis da fé e do misticismo.
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