Espiritismo e emprego

OS "MÉDIUNS" DO ESPIRITISMO BRASILEIRO GANHAM PRÊMIOS POR QUASE NADA QUE FAZEM E ATÉ REALIZAM EXCURSÕES, E NINGUÉM SE INCOMODA COM ISSO.
Muitos pais de família, quando veem que seus filhos estão há um longo tempo desempregados, reclamam, irritados, cobrando-lhes alguma atitude.
Se revoltam quando veem que os filhos, aparentemente, se conformam em viver dos recursos oferecidos pelos pais.
Da mesma forma, muitas elites, ao verem, nas ruas, pedintes apelando para cidadãos lhes doarem, pelo menos, R$ 0,10, reclamam, falando para si mesmas, dizendo que esses miseráveis deveriam procurar emprego.
Ah, mas reclamar contra os que estão no lado de baixo da pirâmide é fácil.
Por que ninguém tem coragem de reclamar dos empregadores que não concedem emprego aos necessitados?
Será que todo mundo é malandro? Acredita-se que não.
Muitos dos aparentes preguiçosos, na verdade, são pessoas que já procuraram emprego com certa insistência mas viram as portas fechadas até para a mais modesta oportunidade.
E os empregadores, que sempre alegam "problemas financeiros"?
Será que as boas famílias, que adoram disparar queixas severas contra miseráveis e desempregados, não sabem dos verdadeiros malandros que se escondem por um status patronal supostamente respeitável?
O empregador quer segurar seu "suado dinheiro" porque marcou com sua família uma excursão de dez dias à Disney.
Ou que vai fazer uma festa-ostentação para sua filha de 15 anos, contratando até funkeiro ou dupla sertaneja para fazer apresentação no aniversário da menina.
Ninguém pergunta se o empregador tem preguiça de pagar um pouco mais para um prestador de serviço.
Não há a menor cobrança para o patrão pagar mais para quem vê as contas se acumulando em suas mãos.
A aberrante reforma trabalhista, que o Espiritismo brasileiro apoiou junto às passeatas do "Fora Dilma", à tendenciosa Operação Lava Jato e o governo Temer, queria estrangular os salários dos trabalhadores de tal forma que lhes restaria só a calçada da rua para morar.
E isso se as calçadas não forem propriedade de flanelinhas que já se acham os donos de ruas e praças.
Difícil esquecer da gafe da corrupta deputada Cristiane Brasil, filha do reacionário Roberto Jefferson, gravando um vídeo num iate reclamando dos salários que tinham que pagar para os empregados.
Os moralistas não sabem que muitos miseráveis não têm sequer traje apresentável para ir a uma entrevista de emprego, um ritual que já exige um sutil código de etiqueta.
E várias das famílias que reclamam da "vagabundagem" dos filhos endeusam os "médiuns" que, aposentados, passam a viver da fortuna das excursões e da coleção opulenta de prêmios.
Os "médiuns" fazem muito pouco do "árduo trabalho" que dizem fazer. Aliás, quase nada fazem.
Publicam obras fake que levam os nomes dos mortos, sem medir escrúpulos em botar pontos de vistas pessoais dos próprios "médiuns" nessas obras atribuídas ao pessoal do além.
Fazem caridade de fachada que só traz resultados medíocres, mas é festejada ao extremo e rende adoração fanática aos dublês de filantropos que se tornam os próprios "médiuns".
A sociedade acha que isso é muito. Obras que levam falsamente os nomes dos mortos, sem corresponder aos estilos originais destes nem apresentar aspectos pessoais dos mesmos, são aceitas sem o menor questionamento.
Os mortos veem seus nomes serem usados para a divulgação dessas obras que apenas o prestígio religioso é usado como critério de suposta autenticidade.
Ninguém sabe o quanto uma minoria de "iluminados" usurpa e ofende, pela apropriação indébita, a memória dos mortos.
E os pobrezinhos, órfãos e doentes, jogados num internato que se autoproclama "caridade espírita", recebendo até assistência correta, trazida por terceiros, enquanto o "médium" responsável fica fazendo turismo pelo Brasil e pelo mundo despejando oratória piegas e recebendo prêmios?
O "médium" vira um turista na própria casa que muitos atribuem ser seu "maior trabalho".
Ele só aparece em "ocasiões especiais". Ele é o rei, ele é o astro, mas não o administrador do local. Ele obtém prestígio pelos trabalhos dos terceiros.
Até a chamada "caridade" dos donativos é também obra de terceiros. Os "médiuns" não doam um centavo de seus bolsos para ajudar o próximo, mas obtém os louros por causa das doações trazidas pelos cidadãos comuns.
É muito fácil se promover com a caridade alheia, e ser alvo da mais extrema adoração e, pasmem, respeitabilidade, com isso.
E são adorados e respeitados pelos pais de família e pelas elites que pedem para que filhos desocupados e miseráveis "metam a cara" a todo preço na vida.
Se irritam quando um filho que não arruma emprego há meses pede ao pai a grana da passagem e do lanche para um modesto passeio no Centro de uma cidade.
Mas não se irritam ao ver um "médium" que vai até a Paris (coitado do Allan Kardec!) fazer palestras sobre temas banais, enquanto os seus assistidos são trancados numa casa recebendo assistência correta, porém medíocre.
Uma família do Rio de Janeiro se irrita quando filhos desempregados pedem para ir a um passeio "só de ônibus ida e volta" pelo Méier.
Mas não se irritam quando "médiuns" viajam para a Europa para fazer palestras tolas e receber medalhas que não refletem na melhoria de vida dos mais necessitados.
E também não se irritam quando patrões que alegam "problemas financeiros de suas empresas" vão fazer uma turnê inteira com a família nos EUA (Flórida-Nova York-LasVegas-Texas-Los Angeles), incluindo Disney e Hollywood, com o dinheiro que seria para pagar trabalhadores.
A sociedade moralista precisa parar de dar uma de racional e observar quem são os verdadeiros malandros que vivem da moleza e usurpam do dinheiro alheio.
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