Outro missivista reclama da falta de cobertura da morte de assassinos



Outro leitor, Dionésio Cunha, de Pernambuco, escreve sobre a falta de cobertura da imprensa da tragédia dos assassinos:

"Caríssimos editores,

É esquisito o que acontece na nossa imprensa. Parece que nossos obituários são uma lista de formatura da escola, só tem gente legal, simpática, o que contraria o caráter geral de que qualquer pessoa morre na vida.

Quando é um assassino, sua morte ocorre sob o silêncio da imprensa. E soa ofensivo divulgar que homicidas famosos também sofrem câncer, AVC, males súbitos, infartos. AVC e infarto é privilégio de gente tranquila, calminha, de figurante de novela, ator de seriado adolescente, cantor de MPB, quadrinista infantil e jogador de futebol de várzea.

Feminicidas e pistoleiros de aluguel, de temperamento mais explosivo e sujeitos às mais desgastantes pressões emocionais, "não" podem sequer sonhar em sofrer um infarto. Mesmo danificando seus organismos com álcool e nicotina, para não dizer drogas piores, o destino deles é virar youtuber, construir nova casa na beira da praia ou se esconder sob a rentável função de pastor evangélico. Soa ofensivo até um médico advertir sobre o risco de um câncer.

A imprensa não noticia a tragédia dos homicidas. Por quê? Para evitar a comemoração nas redes sociais? Se o problema é evitar a festa dos haters, isso é ridículo, porque tem tanta gente que morre e tem seu falecimento comemorado nas redes sociais, como os petistas que, quando morrem, têm essa tragédia celebrada com o maior sadismo por internautas vingativos!

Ficam alegando que não se pode noticiar morte de assassino por achar que é desejo nosso. Não. Mesmo aqueles que zelam pela vida de certos criminosos - como um Doca Street que teve um arrepiante histórico de intenso tabagismo e, no passado, de eventual embriaguez e uso de cocaína - sabem que eles também morrem um dia, e isso tem que se informado, mesmo que no dia seguinte saia um bloco carnavalesco comemorando o óbito ou se decrete feriado nacional em função do mesmo.

Informar é missão da imprensa. A morte não seleciona caráter. Um assassino não tem um organismo mais privilegiado que um cidadão comum. Homicidas não têm corpo de aço. Eles também se fraquejam, morrem de infarto por algum susto grande repentino, podem cair mortos num almoço por grave infecção intestinal, podem ser encontrados mortos em casa por terem sofrido males súbitos na noite passada.

É a vida. E ainda mais quando pessoas tiram a vida dos outros, causando estragos sociais irreparáveis e que, da parte dos assassinos, lhes impõe uma infinidade de pressões morais e emotivas muito desgastantes, violentas e até traumáticas, o que faz com que tais criminosos sejam as pessoas mais vulneráveis da sociedade. 

Se a tragédia deles é iminente, não é porque fulano ou sicrano desejam que um assassino morra. É a Natureza que cobra o preço diante de um ato que envolve sentimentos de ódio e irritabilidade e que traz também reações adversas das mais diversas e das mais intensas. 

Não se pode usar o moralismo para negar os efeitos da Natureza no corpo humano. Entendemos que muitos assassinos podem recuperar-se moralmente. Se eles viverem longamente, ótimo. Mas seus organismos não têm essa capacidade de aguentar o tempo todo e não existe o papo do velho feminicida que aos 80 anos "fica muito ativo nas redes sociais". 

Isso é fake news. Até porque na velhice o corpo se torna frágil e a mente, cansada. Alguém em sã consciência vai achar que velhos feminicidas têm força para aguentar um exército de haters?".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chico Xavier abençoou João de Deus sem pressentir seu perigo

Espiritismo brasileiro passou a defender Jair Bolsonaro?

Missivista reclama do moralismo retrógrado dos pais e da sociedade