Excesso de adversidades faz pessoas reclamarem muito



O grande equívoco do Espiritismo brasileiro é pensar que pessoas se suicidam ou reclamam da vida por diversão.

No caso dos queixosos, os pregadores ditos espíritas, a partir do próprio Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, os amaldiçoam.

Pedem para que as pessoas não reclamem da vida, que aceitem as adversidades em silêncio.

Não se pode falar sequer em orar em voz alta, mas em silêncio. Tem que se fingir que está tudo bem, enquanto se serve como brinquedo para os infortúnios do Destino.

E os ditos espíritas estão sendo bondosos e generosos com tais ideias?

A resposta é NÃO.

Os ditos espíritas são insensíveis. Eles vivem do conforto, são muito bem tratados até durante as viagens para trazer ao público o "balé das palavras" de seus livros e palestras.

Não há problema algum em ser bem tratados, mas no caso dos ditos espíritas, pelo contexto dessa situação há um tom de puro oportunismo e privilégios diversos.

Até porque as palestras são muito bem distribuídas. Para os ricos, os ditos espíritas fazem workshops caríssimos para falar de "felicidade" e "harmonia".

Para os pobres, os mesmos palestrantes servem um prato mais amargo: a aceitação calada do sofrimento, a conformação com o trabalho exaustivo, a necessidade de "dar murro em ponta de faca" para obter alguma superação na vida.

E as classes médias que vão às supostas casas espíritas, sem saber, estão sendo muito cruéis: se divertem às custas do sofrimento alheio através das doutrinárias sobre "estórias de fé e superação".

"Mas isso é um absurdo, as pessoas estão lá para saber como alguém obteve a felicidade ou alguma coisa próxima dela", diria um dito espírita.

Respondemos. É, mas até para obter essa felicidade, a pessoa sofre horrores. Fica parecendo que o sofrimento virou a "receita do sucesso".

E aí as pessoas não gostam quando outras reclamam da vida. A classificam de ranzinza, de mal com a vida, rabugenta e pessimista.

Mas paremos para pensar. A pessoa não reclama por diversão. Ela encontra tantas limitações na vida que acaba se irritando com tais situações.

Tempos atrás, essa pessoa que "reclama o tempo todo" tinha alguma perspectiva de vida. Teve fé, otimismo, jogo de cintura e "meteu a cara" para vencer, mas foi derrotado em todas as oportunidades.

Mas aí vem aquela coisa do argueiro e da trave, que vem desde o Evangelho de Mateus.

Ah, os ditos espíritas reclamam do argueiro do queixoso, alegando que ele "não sabe assumir os erros".

Mas o pior queixoso é aquele que reclama de quem reclama, porque este ao menos possui suas razões para se queixar da vida.

O dito espírita, que viaja até a Europa para espalhar o seu "baile das palavras", que come do bom e do melhor e usa a simplicidade e a humildade como lonas para cobrir seus privilégios, é que reclama à toa das reclamações dos outros.

A pessoa que reclama demais sofreu excesso de adversidades. Nem "metendo a cara" a pessoa consegue conquistar as suas necessidades.

Pode ser que ela errou aqui e ali, mas essa pessoa teve seus argueiros nas circunstâncias da vida.

Pior é o dito espírita, privilegiado, com pressa para obter pontos na sua evolução espiritual, e que acha que escrever centenas de livros irá encurtar seu caminho para Deus.

Ah, este tem a trave no seu olho. E que trave! O dito espírita, confeiteiro das palavras, que precisa ter diante de si um teatro de sorrisos fingidos, não suporta a agonia do outro.

Maldito seja o que reclama das reclamações dos outros, por não saber a dimensão de seu sofrimento!

E duplamente maldito é aquele que se queixa da revolta alheia vestindo a capa do "mensageiro de Jesus", porque usa a religião para acobertar seus erros.

Daí a "paz sem voz" que o "movimento espírita" defende, não pelo discurso aberto, pois a religião de Chico Xavier tem a mania de dissimulação. O próprio Chico sempre foi um dissimulado.

Mas as ideias vêm e mostram esse lado cruel. E Chico Xavier demonstrou-se um resmungão por trás do "meigo mensageiro" que pedia para ninguém reclamar da vida.

Ele foi ríspido e grosseiro com os amigos de Jair Presente que desconfiaram das supostas psicografias a ele atribuídas.

O amigos tinham razão: eram os que mais conheciam o amigo falecido. O "médium" queria saber mais que os amigos, e, irritado com a desconfiança, chamou a atitude dos amigos de "bobagem da grossa".

Daí tantas traves nos olhos de Chico Xavier que tanto reprovavam os argueiros dos olhos dos outros.

Desgraçado é aquele que se irrita com as reclamações dos outros, pois, muitas vezes, estes têm suas razões para ficarem insatisfeitos e aquele, não.

Aquele vive no seu conforto e, tomado do seu orgulho travestido de mansuetude religiosa, é que quer que todos fiquem sorrindo, ainda que à força, pondo seus problemas debaixo do tapete.

Daí que os que reclamam da reclamação dos outros é que, na verdade, são os piores queixosos, por ignorar que outros têm problemas e que ele não tem o menor interesse em resolver.

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