O caráter desumano do Espiritismo cristão brasileiro


DIZ O DITADO POPULAR: "PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO".

Situação tipica numa dita casa espírita, durante o chamado Auxílio Fraterno.

O paciente diz ao entrevistador de plantão que sofre muitas angústias, que suas dificuldades são tantas que ele não tem a menor capacidade de resolvê-las, porque os infortúnios são bem pesados.

Nota-se um sorriso no entrevistador que, com um tom que lembra uma gentileza paternalista, diz mais ou menos a mesma coisa "Meu irmão, está tudo bem com você, ore e confie em Deus".

Mesmo quando a pessoa está no fundo do poço, sofre humilhações pesadas, encara traumas que lhe tiram o sono e lhe fazem chorar até na rua, o entrevistador mantém a alegria, dizendo: "Calma, Deus está de olho em você".

Até mesmo incoerências são ditas, como por exemplo: "Você está sendo beneficiado, mas é porque nossos irmãozinhos pouco esclarecidos (eufemismo para obessores) atrapalham um pouquinho (sic), mas é só você entrar em sintonia com Deus que está tudo certo".

Sabemos que isso é falácia. Tratamentos espirituais nunca dão certo porque dão errado. Esse negócio de que eles dão certo, mesmo ocorrendo desgraças extremas, é uma lorota sem tamanho que esconde que tais terapias são um grande fracasso.

Dizer ao sofredor que "está tudo bem e é só orar a Deus e ter fé" parece um conselho amigo, mas não é. É uma demonstração de puro sadismo.

A "casa espírita" aposta no processo traiçoeiro da "indústria do sofrimento".

Infelizmente, o Espiritismo igrejista brasileiro virou uma "fábrica de sofredores", na qual se cria um exército de desgraçados para que se fabrique caridade, para seus dirigentes e membros ficarem "se achando".

Nada mais cruel do que fabricar desgraças para depois forjar o bom mocismo.

E quem pensa que isso parte apenas de "centros espíritas" pouco habilitados, se enganou redondamente.

Ela parte de gente tida como "qualificada", como o próprio Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier.

Ele oficialmente está associado a uma pretensa coleção de virtudes humanas. Mas sua trajetória, por baixo dos panos, era feita de muitas confusões e encrencas criadas pelo próprio "médium", um arrivista escondido na imagem de "fada-madrinha do mundo real".

Chico Xavier era um pregador da Teologia do Sofrimento, baseada na ideia desumana de "aceitar o sofrimento extremo em silêncio, sob a promessa das bênçãos futuras".

É um falso cristianismo feito sob o ponto de vista dos condenadores de Jesus.

Há, entre os ditos espíritas, quem diga, com falsa misericórdia: "Que são décadas de desgraça e infortúnio, diante da eternidade das bênçãos divinas?".

A partir de Chico Xavier, chegam os seus seguidores a dizer que quem reclama da vida "sofre falta de fé e total descrença na vida futura".

É muito sadismo, muita falta de humanidade. E o pior é que seus pregadores se gabam de exercerem o que dizem ser "o mais autêntico humanismo espiritualista".

Eles apelam para que os sofredores "não tenham pressa" para alcançar melhorias na vida, pouco importando se os infortúnios envolvem, por exemplo, a dificuldade de um adulto de conseguir empregos por longos e longos anos.

"Se você perde uma encarnação, não tem problema. Confie em Deus e na eternidade de bênçãos que lhe virão, e na próxima vida você começará tudo de novo", pregam, com dócil sadismo.

Sabemos que a reencarnação existe, mas ela é um mistério. E, se sabemos que as coisas mudam drasticamente num espaço de dez anos, quanto mais na encarnação posterior, que envolvem um espaço maior de anos!

Não se sabe se teremos as mesmas condições para nossos projetos de vida na próxima encarnação. Poderemos ter "facilidades", mas também teremos decepções. E na reencarnação ainda temos que esperar uns cinco anos de vida para termos alguma consciência da realidade.

Não podemos considerar amigos esses "espíritas" que agem assim, dizendo para a gente aguentar o sofrimento e a desgraça até o fim.

Em muitos casos, os "tratamentos espirituais", em vez de resolver problemas, trazem outros ainda piores e mais graves.

O Espiritismo brasileiro, pela sua raiz roustanguista, pela sua desonestidade doutrinária - trai os ensinamentos de Allan Kardec, mas finge "fidelidade absoluta" a ele - , é um repositório de energias espirituais surpreendentemente maléficas.

É doloroso dizer isso, mas a realidade cotidiana confirma. Afinal, quantos idosos e adultos que seguem Chico Xavier foram amaldiçoados pelas mortes de seus filhos, em tragédias surgidas do nada?

O Espiritismo brasileiro, fundamentado no Catolicismo jesuíta medieval (vide Emmanuel), a ponto de ser a versão repaginada dessa religião punitivista, é uma das religiões mais desumanas do país.

Ele se equipara ao mais baixo nível das religiões evangélicas pentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Assembleia de Deus, pelo seu conteúdo obscurantista.

Não adianta dissimular essa postura, através de exposições pedantes das ideias originais de Allan Kardec que só são defendidas, da boa para fora, justamente por farsantes que cinicamente apelam para "viver Kardec no dia a dia".

O Espiritismo brasileiro, por sua pauta retrógrada que apenas usa a reencarnação e o mundo espiritual como desculpas para fazer apologia ao sofrimento humano, até substituiu uma conhecida frase de Allan Kardec por um ditado popular.

A máxima do Espiritismo brasileiro não é mais "Fora da caridade não há salvação". Ela tornou-se, em verdade, "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".

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