Com o Brasil à beira de uma catástrofe política, "espíritas" se preocupam demais com boneca Momo


A edição recente do "Correio Espírita", periódico fluminense ligado ao "movimento espírita", veio com uma "pérola".

A edição de novembro de 2018 nada diz a respeito da política brasileira, e o Espiritismo brasileiro se mantém em silêncio em relação à ascensão do fascismo que se consagrou nas urnas.

Também, descobriu-se que Jair Bolsonaro e Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, tiveram trajetórias arrivistas semelhantes e representam o mesmo ultraconservadorismo social.

Duvidas? É só ver o que Chico Xavier disse no Pinga Fogo na TV Tupi em 1971. E não adianta vasculhar textos posteriores à procura de um progressismo tardio, porque Chico Xavier foi ultraconservador até o fim.

Dito isso, vemos a gafe do "Correio Espírita" em se preocupar, tão somente, com uma bonequinha maligna, porém banal, no mesmo WhatsApp que forçou a vitória de Jair Bolsonaro nas urnas.

Trata-se da boneca Momo, uma boneca com traços macabros que, segundo seus criadores, traria maldições àqueles que recebessem mensagens da estranha personagem.

Sim, isso é grave. E há denúncias até de tentativa de suicídio por causa disso.

Mas o problema não é isso. O problema é que se superestima um tema como esse, enquanto uma maldição ainda maior acontece por conta dos erros do eleitorado.


Afinal, o Brasil corre o risco de perder as riquezas naturais para empresas estrangeiras, a emburrecer a população por conta do projeto Escola Sem Partido e degradar a qualidade de vida da população pela precarização profissional prevista pela reforma trabalhista.

E o que dizer da maldição de Chico Xavier a várias personalidades, como Nair Bello, Ana Rosa, Augusto César Vannucci e até mesmo o desenhista Maurício de Souza, que perderam seus filhos em mortes prematuras depois de manifestarem adoração pelo "médium"?

O Espiritismo brasileiro já manifestou uma preocupação hipócrita com o fenômeno da Baleia Azul, uma espécie de jogo cuja etapa final induzia ao suicídio.

Mas o próprio moralismo "espírita" não via a trave do seu olho, com o "jogo" do "inimigo de si mesmo", que também pode levar o sofredor desesperado ao suicídio.

O Espiritismo brasileiro diz condenar o suicídio, mas pouco se preocupa com as condições adversas que levam alguém a tirar sua própria vida.

Afinal, ninguém se mata por mera diversão. Há sempre um pano de fundo do sofrimento extremo, o mesmo que o moralismo espírita brasileiro quer fazer manter e forçar os aflitos a aceitar suas próprias desgraças.

E agora que o Espiritismo brasileiro está de mãos dadas com Jair Bolsonaro, só resta agora arcar com as consequências.

Afinal, a identificação entre os lemas "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" e "Brasil, acima de tudo, Deus, acima de todos", é contundente.

E Chico Xavier trouxe energias boas para Jair Bolsonaro porque, se assim não fosse, o candidato do PSL não teria chegado sequer ao segundo turno.

Talvez seja essa inclinação bolsonarista do "movimento espírita" que tenha feito um periódico da religião se preocupar mais com um brinquedo do que com outro fenômeno do WhatsApp que está aí para ameaçar o país.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chico Xavier abençoou João de Deus sem pressentir seu perigo

Espiritismo brasileiro passou a defender Jair Bolsonaro?

Missivista reclama do moralismo retrógrado dos pais e da sociedade