Espiritismo brasileiro cai em contradição com suas "profecias"


CONFORME MOSTRA O CORREIO ESPÍRITA, O MOVIMENTO ESPÍRITA APOIOU O GOLPE DE 2016, MAS AGORA ADMITE CRISE APÓS ATRIBUIR O MOMENTO ATUAL COMO "COMEÇO DA REGENERAÇÃO".

O Espiritismo brasileiro tem um grande erro: brinca de tiro ao alvo em relação ao futuro, dizendo que acertou, mas depois sendo forçado a assumir o erro.

Desde, pelo menos, há 65 anos, o movimento espírita tenta forjar um "futuro" para o Brasil que cai por água abaixo, diante de sucessivos profetismos.

Atribuiu-se vários começos de regeneração humana: 1939, 1945, 1952, 1964, 1970, 1979, 1982, 1989, 1999, 2000, 2010, 2012 e, agora, teremos 2019.

Tantas alegações, que no calor do momento são certeiras, mas que depois se tornam frustradas de maneira vergonhosa.

Os espíritas brasileiros, com sua sede roustanguista de forjar um país que mandasse no mundo na esfera religiosa e política - juntando o auge do Império Romano ao apogeu do Catolicismo medieval - , no caso o Brasil como "Coração do Mundo e Pátria do Evangelho", sempre dão um jeitinho.

Tentam argumentar que a "esperada transformação da humanidade" não aconteceu porque "espíritos endurecidos impediram o caminho" ou que "fatos excepcionais na Terra impossibilitaram tal façanha".

O que lhes resta é apelar para a falácia "consoladora" de que "a transformação já está sendo feita", através da caridade fajuta do movimento espírita, que pouco combate a pobreza, rendendo mais adoração aos "médiuns" que a dizem praticar (embora essa caridade venha, na verdade, de terceiros).

Se essa caridade, tão exaltada e tão idolatrada até as últimas consequências, realmente funcionasse, o Brasil não estaria passando por essa tragédia social que observamos nos últimos anos.

O Espiritismo brasileiro é uma religião que cai em contradição o tempo inteiro. Seus seguidores odeiam admitir isso, mas a realidade aponta que essa contradição é fato, e é bem mais constante do que se pode imaginar.

A religião surgiu exaltando mais J. B. Roustaing do que Allan Kardec. Mas recentemente se envergonhou disso e finge que recuperou as bases de Kardec. Só que o igrejismo de Roustaing nunca desapareceu e permaneceu ainda mais forte no Espiritismo que prevalece no Brasil.

Contradição não é equilíbrio e nem sempre se pode fazer tudo o que quer. Mas no Espiritismo do Brasil os "médiuns" e palestrantes fazem o que querem, vivem na boa vida dos turismos pelo planeta para espalhar igrejismo roustanguista, publicam obras fake atribuídas a mortos etc.

E ninguém mexe com eles. Pior. A onda da banalização do erro - com aquela desculpa do tipo "quem nunca erra?" ou "somos todos falíveis", feita menos por autocrítica do que por medo de enfrentar consequências negativas dos erros - tem no movimento espírita seu maior beneficiado.

É uma espécie de jeitinho brasileiro voltado para quem cometeu graves prejuízos com um erro. É uma forma de tentar livrar a culpa de quem errou, sob o pretexto de que, só porque "todos erram", alguns devem se livrar de sofrer as consequências.

Quantas pessoas só "assumem o erro" para buscar o calote moral, no desespero de proteger suas reputações das consequências negativas que seus erros, não obstante muito graves, em vez de demonstrar a autocrítica que se recusam a ter.

Falam que "assumem o erro" da boca para fora: nos seus íntimos, estão mais preocupadas em se livrar de encrencas do que em admitir que fizeram algo errado.

E aí vemos o quanto o roustanguismo entusiasmado do movimento espírita, que atingiu o ponto máximo nos anos 1970 e contagiou até Chico Xavier e Divaldo Franco, se transformou depois numa posição vergonhosa, dissimulada, ainda praticada mas nunca mais assumida como era outrora.

É vergonhoso ver que os próprios roustanguistas falam, nas últimas quatro décadas, em "recuperar e respeitar as bases espíritas originais", se convertendo no que Carlos Imbassahy, o pai, denunciava como a farsa dos "kardecistas autênticos", conforme vemos abaixo:

"Existe um grupo de espíritas que se autodenomina de “autênticos kardecistas” e que se esmera num ferrenho combate à Federação Espírita Brasileira e ao roustainguismo, centrados no detalhe absolutamente desprezível do corpo fluídico de Jesus.

No dizer de Krishnamurti de Carvalho Dias, esse é o “boi de piranha” que possibilita a entrada de conceitos contrários à grande contribuição kardecista, que é a imortalidade, a lei da evolução, progressiva e contínua.

Entretanto, esse grupo “autêntico”, curiosamente, aceita o aspecto religioso do Espiritismo e de certa forma a CRISTOLATRIA roustainguista ao apoiar-se nas teses de Emmanuel sobre a evolução em linha reta e o papel de “governador” do planeta atribuído ao Cristo, quando nada disso pode ser autenticamente encontrado no pensamento genuíno de Kardec.

Enfim, os combates margeiam o político e o imaginário, pois esses tais de “espíritas autênticos” continuam acreditando que Kardec foi apenas o codificador e não o fundador do Espiritismo.
E ainda continuam atrás do mito cristão do salvador e do mito judaico do messias.
Não aprenderam a lição histórica da evolução geral e do sentido progressista de Kardec. Apegam-se ao aspecto místico da revelação sobrenatural, na chefia mítica de Jesus Cristo, como “o Espírito da Verdade” e daí por diante".

É um grupo que se diz "contrário aos arbítrios da FEB", motivado apenas por caprichos regionalistas.

Usa o nome de Allan Kardec apenas como rótulo, mas continuam praticando o roustanguismo, apenas dele eliminando pontos "mais incômodos", como o "Jesus fluídico" e os "criptógamos carnudos".

Expõem, até mesmo corretamente, a teoria espírita original enquanto falam em programas de televisão ou em alguns eventos diversos.

Mas, em seguida, praticam o igrejismo mais entusiasmado e adotam procedimentos e visões que contrariam o pensamento espírita original.

Nesse grupo, Chico Xavier e Divaldo Franco, entre tantos outros, está incluído, e isso se comprova pelo conteúdo de suas obras, que seus próprios seguidores têm preguiça de ler.

Pois, se lerem, veriam o quanto os "médiuns" brasileiros contrariam, vergonhosamente, o pensamento de Kardec.

O Espiritismo brasileiro é conservador, reacionário e faz apologia ao sofrimento humano.

Forja seu falso progressismo usando como desculpa a "vida futura" ou o "mundo espiritual", feitos sob perspectivas bastante materialistas.

Defendem a "vida futura" de maneira desumana, como se fosse legal as pessoas adiarem seus projetos de vida devido a infortúnios e tragédias, não raro prematuras.

Ignora-se que a encarnação posterior nem sempre pode oferecer as mesmas condições e aspectos sociais que a encarnação precedente tentou mostrar.

O Espiritismo brasileiro ignora as individualidades humanas e se revela bem menos espiritualista e mais materialista do que se imagina.

É materialista a ponto de eleger uma extensão territorial criada por homens como um suposto berço de fraternidade e harmonia futuras.

É materialista a ponto de alimentar e sustentar as paixões terrenas que transformam duvidosos "médiuns" em pretensos "espíritos de luz", ilusão que só vale para os limites da materialidade terrena, por mais que muitos acreditem valer para as altas esferas da espiritualidade.

É materialista a ponto de querer supor datas definidas de transformação da humanidade, supondo o progresso espiritual dentro do materialismo moralista e religioso.

O próprio Kardec rejeitava a previsão de datas, mas o movimento espírita sempre brincava de profetismo barato com suas "datas-limite" aqui e ali.

E agora que o golpe político de 2016 deixou sua máscara cair e há a ameaça do Brasil ser governado por Jair Bolsonaro - com o filho Flávio "certo" de que chegará ao Senado Federal - , os espíritas brasileiros tiram o corpo fora.

Eles definiram as supostas passeatas contra a corrupção - que tinha jovens baixando as calças e mostrando os glúteos (sério), pessoas com mensagens vingativas, gente pedindo a volta da ditadura, políticos corruptos fazendo comício e faixas com símbolos nazistas - como "regeneração do Brasil".

Mas, depois, ficam chorando o leite derramado da crise política e da explosão do ódio e do egoísmo humanos, sentimentos que mal se escondiam nas "iluminadas passeatas de 2016".

Agora os espíritas reclamam quando acusados de apoiar o golpe político de 2016.

Mas, no calor da ocasião, chegaram a definir tais passeatas, hoje vistas como vergonhosas, como "motivadas pela intuição das altas esferas espirituais".

Usam mil desculpas para justificar os erros de assumir posturas que, outrora, eram defendidas com tamanha convicção.

É a banalização do erro, na qual o prestígio de alguns permite, pela complacência e conveniência sociais, a absolvição fácil em relação a erros graves, por mais que seus danos tenham sido inúmeros.

Os danos de atribuir aos manifestoches de 2016 a "força iluminada do Alto" deixou o movimento espírita em posição ridícula, na qual ele quer desesperadamente se livrar.

Assim fica fácil. É muito fácil usar o prestígio social, seja ele financeiro, econômico, político, religioso ou lúdico (fama) para fugir de certas responsabilidades.

É por isso que o Brasil anda travado na evolução social, com tanta sordidez e hipocrisia reinando no topo da pirâmide social.

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